Quando chegaram em Angola, os missionários construíram em 1º lugar a escola, onde começaram a curar os doentes e a ensinar; e a capela, onde se reuniram para rezar. O missionário não sabia a língua. Inicialmente só usavam os gestos de amor, a única língua conhecida. Ao mesmo tempo o missionário entrava na escola em que o povo era o seu professor: aprendia a língua, os costumes, a tradição, os seus trabalhos, o modo de pensar e até de acreditar em Deus: numa palavra, inculturava-se; e o povo aprendeu a ler, a escrever e a acreditar em Deus revelado por Jesus Cristo. Também isto me contou o povo, quando me tentei inculturar.
Uma situação que revelou o valor inigualável do trabalho missionário foram as 2 guerras em Angola: a primeira foi a guerra colonial contra o domínio português que acabou em 11-11-1975 com a independência e a segunda é a guerra civil entre os irmãos angolanos, que terminou em 2002 com a morte de Savimbi e os acordos subsequentes. Sobre a 1ª há um livro (“Figuras do Golungo Alto”, escrito por mim) onde se mostra quem é que derramou o sangue pela independência de Angola. E aí é claro, como 2 e 2 são 4, que sem a Igreja Católica não seria possível a independência de Angola naquela data. Estou a falar da vitória das forças em combate e do justo reconhecimento do direito da imediata Independência de Angola por todos os países do mundo. O procedimento político foi outra coisa; foram os políticos que trataram do assunto.
Quanto à guerra civil há um livro que fala dos 500 anos de colonialismo português escrito por um autor inglês protestante, e diz claramente que foi admirável o comportamento das Irmãs religiosas nos hospitais. Muitos ateus se converteram ao ver o humanismo, o carinho e o cuidado maternal que as freiras praticavam no cuidado e tratamento dos doentes fora e dentro dos hospitais. No respeitante à Igreja Católica diz que: os Bispos da Igreja Católica saíram da Guerra com uma grande credibilidade e muito apreço por todo o povo de Angola pelo modo como lideraram com as 2 partes em luta e sofreram com o povo as agruras da guerra. Se quisessem poderiam retirar-se, como fizeram outros líderes religiosos. Mas permaneceram no meio do povo no sofrimento e, depois, na alegria. Quanto à minha presença física no tempo da Independência, permaneci com o povo e assim puderam ver que os missionários da Igreja Católica são missionários antes e depois da Independência. E sobretudo agora, a Igreja Católica aumenta muito mais que no tempo colonial. Em 1991 e já na segunda parte da guerra civil, o missionário da Igreja Católica foi o único líder que permaneceu no meio do povo e teve a graça de libertar da morte muitas pessoas, sobretudo jovens.