O contexto internacional facilitou a aventura missionária europeia nos continentes africano, asiático e americano na segunda metade do século XIX: as explorações geográficas pelo interior dos continentes; a expansão colonial na sequência da Conferência de Berlim de 1885; o progresso tecnológico e o desenvolvimento dos meios de transporte, especialmente marítimo; a abertura de alguns países asiáticos à Europa; a abolição da escravatura. A estes fatores, acrescente-se a maior consciência missionária da Igreja, a que a Congregação da Propaganda Fide e os Papas da época dão voz (Cf Adélio Torres Neiva,o.c., pp 16-17). É neste movimento missionário norte-sul que caracterizou a Igreja da Europa do século XIX que se insere a participação dos Espiritanos após a fusão das duas Congregações. E é nesse contexto que os espiritanos chegam a Portugal.
Em 1865 a Sagrada Congregação da Propaganda confiou aos espiritanos, que já estavam no Senegal e Gabão, a Missão do Congo que incluía parte do território de Angola. Estes enviaram logo no ano seguinte um primeiro grupo de três missionários que aportaram a Angola, em Ambriz, a 14 de março. Nesse mesmo ano de 1866 outro espiritano, o padre Duparquet, chegou a Moçâmedes, seguindo orientações do Bispo de Angola e Congo. A primeira missão construída pelos espiritanos em território angolano foi erigida em Lândana, Cabinda, tendo a respetiva equipa missionária, formada pelos padres Duparquet e Carrie e o Irmão Fortunato Engel aí chegado em 1873.
Estes primeiros missionários enviados para o território de Angola depressa perceberam que seria difícil evangelizar sem um entendimento com as autoridades portuguesas. De facto, tanto o governo como o parlamento de Portugal não viam com bons olhos a presença de missionários estrangeiros naquele território. Assim, o Conselho Geral da Congregação do Espírito Santo decidiu em 31 de agosto de 1867 criar uma comunidade em Portugal para formar missionários a enviar para Angola. O local escolhido foi a cidade de Santarém, por aí estar o seminário patriarcal onde os futuros missionários seriam formados. A primeira comunidade abriu as portas a 3 de novembro de 1867, numa modesta casa na rua de S. Lázaro, e era constituída pelos padres Charles Duparquet e António Carrie e os estudantes Alexandre Ruilhe e Dissan. Eram todos franceses. No ano seguinte o padre Duparquet regressou a Angola e foi substituído pelo padre José Eigenmann, suíço, que seria o grande dinamizador da instauração dos espiritanos em Portugal. Embora estas datas marquem o nascimento da Congregação no nosso país, sabemos que já antes o padre Libermann acalentara o sonho de aqui estabelecer a Congregação para evangelizar a então África portuguesa. A evangelização do continente africano era o grande sonho e foi a grande obra do padre Francisco Libermann. “O meu coração é dos africanos”, chegou a escrever.