O P. José Felício, D. Agostinho de Moura e o P. Augusto Teixeira Maio, fundadores da LIAM. Em 2017, o movimento completa 80 anos de missão.
Ao longo dos anos esta foi uma das imagens de marca dos espiritanos: ajudar a Igreja portuguesa a sentir a Missão como fazendo parte da sua vocação cristã. Hoje, a animação missionária continua a ser o rosto mais visível da nossa presença em Portugal e nesta missão estão empenhados muitos missionários e dedicadas muitas estruturas. As expressões mais significativas desta vertente são o movimento da Liga Intensificadora de Ação Missionária (LIAM); os Jovens sem Fronteiras (JSF); o Movimento Missionário de Professores (MOMIP); o Centro Espírito Santo e Missão (CESM). Dos vários movimentos na atualidade falaremos mais em pormenor quando apresentarmos a Família Espiritana.
Desde o início que os espiritanos se preocuparam em sensibilizar os católicos portugueses para a urgência de participarem no esforço missionário através da oração, das vocações e da solidariedade material. Quando a Congregação foi relançada em Portugal em 1919 a animação missionária começou a organizar-se de forma mais sistemática e estável. O padre Moisés Alves de Pinho, que será Bispo de Angola e Congo a partir de 1932, lança em 1921 a revista “Missões de Angola e Congo” que se destinava a sensibilizar para a causa missionária, e relança a Associação Nossa Senhora de África (tinha sido criada em 1847 mas extinta em 1910) que em 1929 já atingia 80 mil associados. Mas é sobretudo com a nomeação de alguns espiritanos para a animação missionária a tempo inteiro que se estrutura este sector na Província. Alguns foram particularmente marcantes nesta ação: é o caso do padre Agostinho de Moura, a quem se deve a fundação da LIAM em 13 de Maio de 1937; o padre José Felício, que a desenvolveu e implantou em todo o país, ao mesmo tempo que dava origem aos Encontros Missionários de Professores, futuro MOMIP; o padre Marinho Lemos, que reanimou este sector no início dos anos 90; ou o padre Firmino Cachada, que nos anos 80 colocou a prioridade na juventude fundando os Jovens sem Fronteiras.
Foi ainda dentro deste esforço de Animação Missionária que se criaram instrumentos de difusão, alguns dos quais permanecem até hoje: o “Almanaque das Missões” (1938), o “Calendário das Missões” (1946) e a “Agenda das Missões”(publicada de 1946 até 2007); o jornal “Ação Missionária” (1940); a revista “Encontro” (publicada de 1963 até 2010), e ainda a publicação de dezenas de livros sobre formação e espiritualidade cristã.
A justiça e paz
“Consideramos como partes constitutivas da nossa missão de evangelização: – a libertação integral do homem; – a atividade a favor da justiça e da paz; -e a participação no desenvolvimento”
(RVE 14)
Este resumo da Regra de Vida Espiritana vem na linha do que o padre Libermann já estabelecera nos Regulamentos da Congregação em 1849: “Sereis os advogados, o sustentáculo e os defensores dos fracos e dos pequenos, contra todos aqueles que os oprimem”.
O rosto mais visível deste compromisso espiritano com a justiça é o Centro Padre Alves Correia (CEPAC) criado em 1992 e que está situado em Lisboa na Rua de Santo Amaro. É uma obra espiritana de apoio a imigrantes nos domínios da saúde, alfabetização, emprego, formação, documentação, vestuário e alimentos. Conta com a direção espiritana e a colaboração de muitos voluntários. De notar que o apoio aos imigrantes, sobretudo africanos, é uma longa tradição espiritana, que desde os anos 60 do século XX assegurava em Lisboa a Capelania dos Africanos. A participação no desenvolvimento é também a missão da “Sol sem Fronteiras” (SOLSEF), uma Organização não Governamental sem fins lucrativos, que nasceu a partir dos Jovens Sem Fronteiras em 1993. Os seus projetos são implementados sobretudo em Africa nas áreas da educação e saúde.
As Paróquias
A Paróquia de Godim, na Régua, é assumida pelos espiritanos há 90 anos.
O compromisso paroquial dos espiritanos em Portugal é antigo, embora nunca tenham sido assumidas muitas paróquias, já que a prioridade foi sempre enviar missionários para outros países e regiões de primeira evangelização ou de maior carência de clero. A paróquia assumida há mais tempo é a de S. José de Godim, em 1927, no ano em que aí foi inaugurado o Seminário menor. Atualmente temos paróquias em cinco dioceses: Vila Real (Godim, Fontelas, Oliveira e Loureiro); Braga (Nogueira); Lisboa (Abóboda e Tires); Beja (Mértola e as restantes 9 paróquias do concelho); Algarve (S. Brás de Alportel e Santa Catarina da Fonte do Bispo).
Mas ao longo dos anos muitas outras nos estiveram confiadas. Na segunda metade dos anos setenta e na primeira dos anos oitenta, no contexto do regresso de muitos espiritanos de Angola, foram assumidas por breves períodos de tempo quase uma vintena de paróquias, em diferentes dioceses.
A Formação e Pastoral Vocacional
Caminhada pelas vocações missionárias
Ajudar os jovens a discernirem a sua vocação dentro da Igreja é a missão do Centro Vocacional Espiritano (CVE) que tem a sua sede em Braga. O acompanhamento dos que querem fazer um percurso de formação dentro da família espiritana, em ordem à consagração como religiosos na Congregação, seja como Padres ou como Irmãos, também é feita neste centro numa primeira etapa. Aqui funciona o primeiro ciclo dos estudos teológicos, frequentados na Faculdade de Teologia em Braga. Depois do noviciado, que atualmente é feito em França, o percurso formativo prossegue no segundo ciclo, cuja comunidade está situada na cidade do Porto, na rua do Pinheiro Manso. A equipa formativa conta com a liderança dos padres Vincent Ntrie-Akpabi e Damasceno dos Reis. Nos dois casos acolhemos também jovens espiritanos provenientes de outros países, especialmente de África. No Porto os estudos teológicos são feitos também na Faculdade de Teologia aí situada.