3. Comunhão, sinodalidade e conversão sinodal de toda a Igreja
Por tudo isto, a dimensão hierárquica da Igreja, claramente afirmada pelo concílio neste documento, só se entende ao serviço da comunhão. A sinodalidade, enquanto caminho conjunto, é assim uma expressão intrínseca desta comunhão. Todos com todos, já que o serviço da autoridade se orienta para a comunidade toda e é para ela espelho do único Bom Pastor, Jesus Cristo, “manso e humilde de coração”.
Mário Grech, o Cardeal Secretário-Geral do Sínodo, afirmou: “uma Igreja sinodal é uma Igreja que redescobre o protagonismo, teológico e pastoral, de todos os batizados (…) Isto implica um repensar profundo do modo de conceber e de exercitar o ministério ordenado (…) Aquela autoridade exercita-se sempre, afirma o Papa Francisco, dentro do Povo de Deus e para o Povo de Deus, o que exige ultrapassar uma visão clericalista , que ergue separações entre os pastores e os fiéis, condenando estes a uma posição de subalternidade. Seria uma graça extraordinária se, do processo sinodal em curso, brotasse um novo modo de entender o ministério dos pastores e se abrissem caminhos para que os pastores de hoje e de amanhã possam aprender a sintonizar-se melhor sobre as “ondas” do povo de Deus, dos quais eles próprios são membros em virtude do batismo” (Camminare insieme, Roma: Editrice Vaticana, 2022, pp.4-5).
Pensar o ministério ordenado, à luz da caminhada sinodal a que somos convocados pelo sucessor de Pedro, é rever o modo como todos entendemos e nos posicionamos face aos padres e à autoridade. Num documento recente da Congregação do Espírito Santo, o clericalismo é considerado como “intrinsecamente pecaminoso” e, nisso, esse documento está claramente em harmonia com o pensamento do Papa Francisco e com a tradição autêntica da Igreja.