2. De viajante a Peregrino
A experiência de peregrino não é apenas experiência de viajante. Para o peregrino, duas condições tornam sagrada a experiência da viagem: a certeza de que Deus o acompanha durante a caminhada e a existência de uma meta santa, um destino que dá sentido à viagem.
O Evangelho de São Mateus apresenta-nos como últimas palavras de Jesus: “Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos” (Mt. 28, 20). Estas palavras recordam o anúncio profético que encontramos no início do mesmo Evangelho: “Hão de chamá-lo Emanuel, que quer dizer: Deus connosco” (Mateus 1, 23). Deus está connosco e Jesus caminhará connosco todos os dias até ao fim. “No seu caminhar no mundo, o homem nunca está sozinho. Sobretudo o cristão nunca se sente abandonado, porque Jesus nos garante que não nos aguardará apenas no final da nossa longa viagem, mas que nos acompanhará em cada um dos nossos dias. (…) Até quando o Senhor Jesus, que caminha connosco, até quando cuidará de nós? A resposta do Evangelho não deixa margem a dúvidas: até ao fim dos tempos! Passarão os céus, passará a terra, serão anuladas as esperanças humanas, mas a Palavra de Deus é maior do que tudo e não passará. E Ele será o Deus connosco, o Deus Jesus que caminha ao nosso lado. (…) Ao longo do caminho, a promessa de Jesus «Eu estou convosco» leva-nos a estar de pé, erguidos, com esperança, convictos de que o bom Deus já age para realizar aquilo que humanamente parece impossível” (Papa Francisco, audiência de 26.04.2017).
Esta consciência de que Jesus caminha connosco é tão importante, que no início da Igreja a própria comunidade cristã se designava com a palavra «Caminho» (Atos 9,2). E na primeira carta de São Pedro encontramos estas palavras: “caríssimos, rogo-vos como estrangeiros e peregrinos…” (1 Pd. 2,11).