“Tende entre vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus. Ele, que é de condição divina, não considerou como uma usurpação ser igual a Deus; no entanto, esvaziou-se a si mesmo, tomando a condição de servo. Tornando-se semelhante aos homens e, sendo, ao manifestar-se, identificado como homem, rebaixou-se a si mesmo, tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz.”
Fl. 2,5-8
1. Aprender com Jesus
Quando se fala em Liderança é habitual fazer a distinção entre o Poder e a Autoridade. Poder é a faculdade de forçar ou obrigar alguém a fazer a sua vontade, mesmo que a pessoa preferisse não o fazer. Autoridade é a capacidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que o líder quer, por causa de sua influência pessoal.
Jesus tinha os dois. Tinha poder: “Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra” (Mt. 28, 18); “Os homens, admirados, diziam: Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?” (Mt. 8,27:). No entanto, é a sua autoridade que se impõe: “Quando Jesus acabou de pronunciar estas palavras, a multidão ficou vivamente impressionada com os seus ensinamentos, porque Ele ensinava-os como quem possui autoridade e não como os doutores da Lei.” (Mt. 7,28-29)
Liderança é a capacidade de motivar as pessoas para trabalharem com entusiasmo na concretização dos objetivos identificados como sendo para o bem comum. Quer o poder quer a autoridade devem ser exercidos tendo em vista o Bem Comum, entendido como “algo para o qual todos tendem ou devem tender a partir dos próprios interesses razoáveis porque é bom para todos”. (Do Cat 216).
Vamos ver algumas marcas da Liderança de Jesus.
2. Para liderar, é preciso servir
Recordamos as palavras de Jesus quando a mãe dos filhos de Zebedeu pediu um lugar privilegiado para os seus filhos e os outros discípulos ficaram indignados com esse pedido: “Quem de entre vós quiser fazer-se grande, seja o vosso servo; e quem no meio de vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo. Também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt. 20,26-28). Podíamos recordar o gesto do lava-pés, ou o retrato que a Carta aos Filipenses nos traça de Jesus (Fl. 2,5-8).
Mas o que significa servir? O líder deve identificar e responder às necessidades dos seus dirigidos e atendê-los; não atender à vontade dos outros, isso seria ser escravo. Os servidores fazem o que os outros precisam, o escravo faz o que os outros querem.
3. Clareza nos objetivos e nas prioridades
Jesus tinha clara a sua missão e a meta para onde seguia. Por isso não se desviava do seu caminho, que no seu caso era em obediência à vontade do Pai. Ligado a este tema, está o estabelecer de prioridades: “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6,33); “Ide primeiramente às ovelhas perdidas da Casa de Israel” (Mt. 10,6).
Há quem diga que as pessoas ou vivem a reparar ou a preparar. Quem não anda a preparar o amanhã pela forma como vive hoje, anda sempre a reparar o que aconteceu ontem. Para preparar o amanhã, é necessário ter foco, objetivos.
4. Construir equipa
Quando Jesus começou a sua missão, a primeira coisa que fez foi chamar doze para estarem com ele, para formar Comunidade, equipa. O que aprendemos da relação de Jesus com o grupo dos apóstolos, com a sua equipa? Aprendemos que a equipa não aparece feita, é preciso formá-la, chamar pessoas; Jesus busca sempre a adesão consciente dos seus discípulos, motivando-os e mostrando os valores que justificam os sacrifícios e o trabalho; participação de todos, distribuindo tarefas e responsabilidades de modo a fazer render as capacidades de cada um; na vida dos grupos e equipas é normal haver atritos, incompreensões, por isso é tão importante o perdão, para curar as feridas. Por fim um grupo, onde todos se amam. Quando Jesus diz: “Amai-vos uns aos outros”, não está a dizer para termos um bom sentimento ou emoção por alguém. Mas que devemos agir bem, comprometidos com o bem dessa pessoa, independentemente de ela merecer ou não, dela ser boa ou não. Nem sempre podemos controlar como nos sentimos em relação aos outros, mas sempre podemos controlar o modo de agir com eles. A comunidade de Jesus era festiva. Os evangelhos estão cheios de situações de alegria, de festa, de celebração da vida e o reino de Deus é comparado a um banquete de núpcias.
Para refletir e conversar:
1. Quais as características da Liderança de Jesus?
2. Nos nossos grupos cada vez sentimos mais dificuldade em encontrar pessoas disponíveis para assumir a liderança. A que se deve essa dificuldade?