“Somos diversos, somos diferentes, temos diferentes culturas e religiões, mas somos irmãos e queremos viver em paz” (Papa Francisco). Cada homem é meu irmão, cada mulher é minha irmã, sempre. Queremos viver juntos, como irmãos e irmãs no Jardim que é a Terra. É o Jardim da fraternidade a condição de vida para todos. Somos testemunhas de como, em cada recanto do mundo, a harmonia perdida floresce quando a dignidade é respeitada, as lágrimas são enxugadas, o trabalho é remunerado de forma justa, a educação é garantida, se cuida da saúde, a diversidade é valorizada, a natureza é restaurada, a justiça é honrada e as comunidades abraçam sua solidão e seus medos.
1. Juntos, escolhemos viver nossas relações com base na fraternidade, alimentadas pelo diálogo e pelo perdão, que “não implica esquecimento” (FT, n. 250), mas o renunciar “a deixar-se dominar pela mesma força destruidora (FT, n. 251) da qual todos sofremos as consequências.
2. Unidos ao Papa Francisco, queremos reafirmar que “a verdadeira reconciliação não escapa do conflito, mas alcança-se dentro do conflito, superando-o através do diálogo e de negociações transparentes, sinceras e pacientes” (FT, n. 244). Isso no contexto da arquitetura dos direitos humanos.
3. Queremos gritar ao mundo em nome da fraternidade: Não mais a guerra! É a paz, a justiça, a igualdade a guiar o destino de toda a humanidade. Não ao medo, não à violência sexual e doméstica! Cessem os conflitos armados. Digamos basta às armas nucleares e às minas terrestres. Basta de migrações forçadas, limpeza étnica, ditaduras, corrupção e escravidão. Paremos com a manipulação da tecnologia e da Inteligência Artificial, vamos antepor e permear de fraternidade o desenvolvimento tecnológico.
4. Encorajemos os países a promover esforços conjuntos para criar uma sociedade de paz, como por exemplo, instituindo Ministérios para a paz.
5. Empenhemo-nos em limpar a terra manchada pelo sangue da violência e do ódio, pelas desigualdades sociais e pela corrupção do coração. Ao ódio respondamos com amor.
6. A compaixão, a partilha, a generosidade, a sobriedade e a responsabilidade são para nós as escolhas que alimentam a fraternidade pessoal, a fraternidade do coração.
Fazer crescer a semente da fraternidade espiritual começa por nós. Basta plantar uma pequena semente a cada dia em nossos mundos de relação: a própria casa, o bairro, a escola, o local de trabalho, a praça e as instituições onde são tomadas as decisões.
7. Acreditamos também na fraternidade social que reconhece a igualdade de dignidade para todos, fomenta a amizade e a pertença, promove educação, a igualdade de oportunidades, condições de trabalho digno e a justiça social, a acolhida, a solidariedade e a cooperação, a economia solidária e uma transição ecológica justa, uma agricultura sustentável que assegure o acesso à alimentação para todos, para promover relações harmoniosas baseadas no respeito mútuo e na preocupação com o bem-estar de todos.
Nesta perspectiva, é possível desenvolver ações de proximidade e leis humanas, porque a fraternidade “tem algo de positivo a oferecer à liberdade e à igualdade” (FT, n. 103).
8. Juntos, queremos construir uma fraternidade ambiental, fazer as pazes com a natureza, reconhecendo que “tudo está em relação”: o destino do mundo, o cuidado da criação, a harmonia da natureza e estilos de vida sustentáveis.
9.Queremos construir o futuro nas notas do Cântico das Criaturas de São Francisco, o canto da Vida sem fim. O enredo de fraternidade universal tece os fios dos versos do Cântico: tudo está em relação, e na relação com tudo e com todos está a Vida.
10. Portanto, nós, reunidos por ocasião do primeiro Encontro Mundial sobre a Fraternidade Humana, dirigimos a todas as mulheres e homens de boa vontade o nosso apelo à fraternidade. Que nossos filhos, nosso futuro possam prosperar em um mundo de paz, justiça e igualdade, em benefício da única família humana: só a fraternidade cria humanidade.
Cabe à nossa liberdade querer a fraternidade e construí-la juntos, na unidade. Junte-se a nós para assinar este apelo para abraçar este sonho e transformá-lo em práticas diárias, para que chegue à mente e ao coração de todos os governantes e daqueles que, em todos os níveis, têm uma pequena ou grande responsabilidade cívica.”