“Aproximar-se, expressar-se, ouvir-se, olhar-se, conhecer-se, esforçar-se por entender-se, procurar pontos de contacto: tudo isto se resume no verbo «dialogar». Para nos encontrar e ajudar mutuamente, precisamos de dialogar. Não é necessário dizer para que serve o diálogo; é suficiente pensar como seria o mundo sem o diálogo paciente de tantas pessoas generosas, que mantiveram unidas famílias e comunidades. O diálogo perseverante e corajoso não faz notícia como as desavenças e os conflitos; e contudo, de forma discreta mas muito mais do que possamos notar, ajuda o mundo a viver melhor”
A história dos últimos anos colocou em crise a fé no progresso. Entretanto, a experiência da pandemia, as mudanças climáticas e agora esta guerra na Ucrânia que arrasta toda a Europa e, afinal todo o mundo, para dramas indiscritíveis contradizem o mito do progresso, isto é, a convicção de que a humanidade estaria destinada a um imparável caminho de crescimento e de evolução positiva, de diminuição da pobreza, aumento da riqueza das nações, avanço tecnológico, liberta das doenças e outros males. Este mito perigoso é sintetizado por S. Paulo VI. Na encíclica Populorum Progressio disse: perante a aspiração de todos os povos a um maior desenvolvimento, há um bom número que está condenado a viver em condições que tornam ilusório esse legítimo desejo (PP. 6). A Igreja, fiel à sua missão, reclama ao dever da caridade universal, isto é, à promoção de um mundo mais humano para todos, um mundo no qual todos tenham qualquer coisa para dar e receber, sem que o progresso de uns constitua um obstáculo ao desenvolvimento de outros (PP.44).
2. A «economia de Francisco» e a fraternidade universal
No século XXI, assiste-se a uma progressiva perda de poder dos estados nacionais, sobretudo porque a dimensão económico-financeira, com características internacionais, tende a prevalecer sobre a política. Em tal contexto, o Papa Francisco observa que será indispensável desenvolver instituições internacionais mais fortes e organizadas, a fim de contrariar o superpoder da economia e privilegiar o bem comum mundial, a erradicação da fome e da miséria e a defesa dos direitos fundamentais. Foi assim, que foi ganhando força «a Economia de Francisco», um movimento internacional e jovens economistas e empreendedores empenhados num processo de diálogo inclusivo e de mudança global em ordem a uma nova economia. Em 2 de Outubro de 2021 Bergoglio afirmava: Devemos procurar novos caminhos para regenerar a economia nesta época post-Covid, de tal modo que esta seja mais justa, sustentável e solidária, isto é, mais comum. (…) “A vós jovens, renovo o dever de colocar a fraternidade no centro da economia de modo a mostrar que existe, ou pode existir uma economia diversa. Não vos desencorajeis: deixai-vos guiar pelo amor do Evangelho que é a mola de toda a mudança e nos exorta a entrar dentro das feridas da história e a curá-las”.
3. O Diálogo entre todos os homens
Em virtude da sua missão de iluminar o mundo inteiro com a mensagem de Cristo e de reunir sob um só Espírito todos os homens, de qualquer nação, raça ou cultura, a Igreja constitui um sinal daquela fraternidade que torna possível e fortalece o diálogo sincero. Isto exige, em primeiro lugar, que, reconhecendo toda a legítima diversidade, promovamos na própria Igreja a mútua estima, respeito e concórdia, em ordem a estabelecer entre todos os que formam o Povo de Deus, pastores ou fiéis, um diálogo cada vez mais fecundo. Porque o que une entre si os fiéis é bem mais forte do que o que os divide: haja unidade no necessário, liberdade no que é duvidoso, e em tudo caridade. “Unamos, as nossas forças e, cada dia mais fiéis ao Evangelho, procuremos, por modos cada vez mais eficazes para alcançar este fim tão alto, cooperar fraternalmente no serviço da família humana, chamada, em Cristo, a tornar-se a família dos filhos de Deus” (G.S.92).
Para refletir e conversar:
1. Em que situações penso que o diálogo é de fundamental importância para construir ambientes sadios e que exemplos vejo do valor da fraternidade universal a ser aplicado na vida dos povos e das comunidades?
2. Como é que a «economia de Francisco» pode inspirar a nossa forma de olhar para os produtos que compramos e o nosso estilo de consumidores?
Para aprofundar:
Adquirir a encíclica “Fratelli Tutti” e ler alguns dos capítulos que mais me chamam a atenção, particularmente o Capítulo III: Pensar e gerar um mundo aberto: n. 87 – 127.