“O zelo pelo progresso e renovação da Liturgia é justamente considerado como um sinal dos desígnios providenciais de Deus sobre o nosso tempo, como uma passagem do Espírito Santo pela sua Igreja, e imprime uma nota distintiva à própria vida da Igreja, a todos o modo religioso de sentir e de agir do nosso tempo.”
A liturgia não é apenas um conjunto de ritos ou cerimónias, mas é o coração da nossa fé católica. É o momento em que nos reunimos como comunidade para celebrar a presença de Deus em nossas vidas. As comunidades paroquiais “representam, de certo modo, a Igreja visível estabelecida na terra”. No fundo, as comunidades paroquiais são uma representação tangível e visível da Igreja na terra. O uso da expressão, “de certo modo” na frase, indica que a representação das comunidades paroquiais não é total e completa, mas é uma representação parcial da Igreja na terra. A Paróquia, portanto, é o modo concreto, percetível e utilizável de desfrutar e ver o quanto a Igreja é bela. Cada gesto e palavra, cada preocupação e ocupação do fiel e da comunidade paroquial são significativas e importantes, mas nada como a Liturgia, e mais do que a Liturgia, é a epiphania Ecclesiae, revelação a si mesma e ao mundo de sua identidade e missão. Santo Agostinho afirmava: “Tu nos fizeste para Ti, Senhor, e nosso coração está inquieto até que encontre descanso em Ti”.
2. Liturgia – meio para garantir a contemporaneidade com Jesus Cristo
O facto da liturgia não ser intangível – a sua história agitada testemunha isso – e, por outro lado, a Palavra de Deus ser intangível – não suscetível à manipulação e transformação humanas – constitui uma declaração certa e indubitável: a Liturgia é um meio, não um fim. “O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado” (Mc. 2, 27-28), meio pelo qual a salvação de Deus se torna participativa e participada.
Há alguns anos, uma pesquisa realizada em colégios ingleses sobre o índice de aprovação de vários personagens do passado e do presente forneceu dados assustadores: o interesse desses jovens pela figura de Jesus Cristo ficou em 120º (último lugar), ex aequo com George W. Busch, presidente dos EUA de 2001 a 2009. Então, perante isto, como garantir a contemporaneidade de Jesus que entrou na eternidade, na dimensão definitiva na qual os seres humanos não tiveram experiência, e aqueles que estão nesta vida? A liturgia é um “memorial” que nos permite o acesso à eternidade e por isso, temos de ter o compromisso de tornar o Mistério mais comunicável e partilhável com os mais novos. E isso se faz com a Liturgia bem vivida, fazendo vibrar o coração.
3. Uma liturgia vibrante
A liturgia não pode ser reduzida a um ritual árido e incompreensível, no qual é necessário cumprir estritamente o que é prescrito pelas chamadas “rubricas”. A liturgia é uma questão do coração. Na entrada de um coro monástico tem um pergaminho de madeira onde se lia: “Ante Deum stantes, non simus corde vagantes [Quando estamos na presença de Deus, não deixemos o coração divagar]”. Não basta dizer e fazer o que a Liturgia prescreve de maneira impecável para a celebrar bem. A Liturgia deve ser vivida e vibrante, como atesta Santo Agostinho, quando recorda com admiração aquele Amém, no final da Oração Eucarística, que quase fez estremecer as paredes da sua catedral de Hipona.
Por isso, a Liturgia nas nossas comunidades deve ser por natureza vibrante, porque tudo o que foi vivido historicamente e é narrado nas Sagradas Escrituras, nós, igualmente, devemos vivê-lo culturalmente nas nossas celebrações.
Oração
Ó Deus, nosso Pai amoroso,
nós Te agradecemos pela dádiva da liturgia,
pela oportunidade de nos reunirmos como comunidade,
para celebrar a Tua presença em nossas vidas.
Pedimos, Senhor, que nos concedas a graça
de viver cada celebração litúrgica com o coração vibrante,
para que possamos viver como verdadeiros discípulos
de Jesus Cristo no nosso dia-a-dia.
Que cada celebração litúrgica seja um encontro íntimo
contigo, Senhor, e com os nossos irmãos na fé.
Amém.
Para refletir e conversar:
1. Como é que a minha Paróquia assegura e promove o cuidado com a Liturgia nas celebrações?
2. Como é que minha Paróquia poderia tentar tornar a Liturgia mais vibrante e mais significativa para todos os seus fiéis? E que poderei eu fazer para tal?
Outras referências:
Em contexto brasileiro, uma catequese sobre o que é a Liturgia: