Durante os vários anos de formação, para a vida espiritana, os testemunhos e textos de Poullart des Places e de Libermann foram sempre grandes referências. Mas a vida e o testemunho de tantos missionários que passavam pelas casas de formação e partilhavam a sua vida missionária foram sempre muito motivadores e inspiradores. Havia sempre uma partilha interessante, que o espiritano estava “paratus ad omnia”, (preparado para tudo), sobretudo para tudo o que a Igreja necessita.
Quando cheguei à Bolívia cheia de entusiasmo missionário e ardor apostólico, fui conhecendo e entrando pouco a pouco na cultura e na realidade Boliviana, sobretudo de Santa Cruz. Ao descobrir esta Igreja local, fui desafiado a servi-la com entusiasmo e alegria. A colocar as mãos à obra. Ao final de quatro anos, começamos a definir realidades que deveriam ser evangelizadas e começamos a discernir caminhos de vida para elas. Nesse tempo muitas aventuras se passaram e muitas atividades se realizaram, sempre com total disponibilidade e sem ter medo de trabalhar. Confesso que agora, ao final destes anos de missão, fiz várias coisas para as quais nunca havia imaginado, nem que pensava estar preparado (processos judiciais para defender terrenos ocupados; mecânico; segurança; arquiteto e produtor de cacau). Mas em todas essas situações sempre procurei que em mim se realizasse o projeto de Deus e o Bem Comum. Numa sociedade onde muitas vezes reina o salve-se quem puder e onde o vale tudo é constante.