Missionário do Espírito Santo. Trabalha em Roma como Conselheiro Geral da Congregação.

Em Tefé, Amazónia dentro

Levantei voo em Manaus rumo a Tefé, seguindo o Rio Solimões na direção da nascente, entrando no coração da Amazónia. Lá de cima, vê-se bem que é tempo de chuvas, pois as florestas estão alagadas e só se vê água e árvores. Aterrei no Tefé, uma cidade ribeirinha, com um calor abafado e difícil de suportar, a capital da castanha do Pará (como provam as estátuas), construída há 168 anos (como dizem os cartazes), junto ao lago com o mesmo nome, uma espécie de baía do grande Solimões.

Sozinhos, nunca!

O I Encontro Mundial sobre a Fraternidade Humana, com o tema ‘Not Alone – Não sozinhos’, reuniu milhares de jovens e menos jovens que responderam ‘sim’ ao convite do Papa para uma celebração muito especial, com o objetivo de relançar o sonho de fraternidade do Papa Francisco que publicou, em 2020, a encíclica ‘Fratelli Tutti’ onde critica o regresso de certos populismos, do racismo e discursos de ódio, quase sempre amplificados pelos media e redes sociais

Dez anos em viagem por periferias e margens

Francisco chegou a Roma há dez anos com o passaporte de Jorge Bergoglio. E, quer queiramos quer não, está a fazer uma ’revolução imparável’ na Igreja, como tão bem o mostra o livro de António Marujo e Joaquim Franco. Ninguém é igual a ninguém, mas Francisco dá toques de enorme originalidade.
São dez anos de uma respiração eclesial diferente, com uma aposta clara na sinodalidade (como sinal de abertura à inspiração do Espírito) e no combate sem tréguas a tudo quanto desfigura o rosto da Igreja. Dá uma colaboração gigante na construção de uma Igreja credível, encurtando distâncias entre o dizer e o fazer. Está a provar ao mundo que a Igreja faz falta à humanidade, tentando acreditá-ladentro e fora de portas.

Obrigado, Papa Bento

O mundo inteiro (ou quase) se vergou perante esta grande figura da cultura. Os perfis de uma pessoa nunca garantem a unanimidade dos pareceres e opiniões publicadas, mas considero que o Papa Bento XVI foi a pessoa que o Espírito Santo achou ajustada àqueles tempos pós-João Paulo II, pois permitiu abrir as portas de par em par à chegada do ‘missionário’ Papa Francisco, vindo das terras do fim do mundo – como ele se apresentou, de forma divertida, mas muito séria!