Os Migrantes e Refugiados constituem o coração da Mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz que abre Janeiro ao mundo. Francisco começa por recordar estatísticas que marcam o fim de 2017: ‘mais de 250 milhões de migrantes no mundo, dos quais 22 milhões e meio são refugiados’. Estamos a falar de pessoas que apenas procuram um lugar onde possam viver em paz. Arriscam tudo por este objectivo que quase nunca alcançam.
O Dia Mundial da Paz foi instituído pelo Papa Paulo VI em 1967. Mas, no ano anterior, este Papa publicou uma Encíclica em que pediu, pela primeira vez, à Igreja, que se destinasse um dia para rezar pela Paz no mundo. Seria a 8 de Dezembro de 1967, na Solenidade da Imaculada Conceição, que Paulo VI publicou a Mensagem para o I Dia Mundial da Paz, a celebrar a 1 de Janeiro de 1968. A partir daí, os Papas sempre escreveram uma Mensagem onde abordam a questão da Paz na perspectiva que consideraram mais actual e a exigir intervenções mais urgentes.
O Papa Francisco, 50 anos depois, defende atitudes de misericórdia: ‘abraçamos todos aqueles que fogem da guerra e da fome ou se vêem constrangidos a deixar a própria terra por causa de discriminações, perseguições, pobreza e degradação ambiental’. Pede que acolhamos quem nos bate à porta. A maioria dos imigrantes e refugiados chega-nos por portas travessas e a atitude de quem devia acolher é de recusa por medo, muitas vezes amplificado pelos políticos: ‘Quem fomenta o medo contra os migrantes, talvez com fins políticos, em vez de construir a paz, semeia violência, discriminação racial e xenofobia, que são fonte de grande preocupação para quantos têm a peito a tutela de todos os seres humanos’.
Há quem olhe para estas deslocações humanas como um risco e um perigo, mas o Papa considera-as uma oportunidade para a construção de um futuro de paz. Os imigrantes e refugiados trazem riqueza: ‘uma bagagem feita de coragem, capacidades, energias e aspirações, para além dos tesouros das suas culturas nativas, e deste modo enriquecem a vida das nações que os acolhem’.
O Papa sugere que se combinem quatro ações: ‘acolher, proteger, promover e integrar’.
O Dia Mundial da Paz de 2018 é mais um excelente pretexto para a construção de um mundo assente na proposta do Papa Francisco que exige uma ecologia integral que ame os pobres e respeite a natureza. E, no contexto actual, há que ter corações onde caibam os dramas e as riquezas dos milhões de migrantes e refugiados que enchem e questionam o nosso mundo.
P. Tony Neves