Foi um surto de Covid-19 entre trabalhadores imigrantes sazonais no Concelho de Odemira, em abril deste ano, que veio a pôr a descoberto, pela comunicação social, as condições em estes viviam: em alojamentos precários, sobrelotados e com pobre salubridade. Esta vulnerabilidade, sentida em Odemira – e que, infelizmente, não se circunscreve a essa zona do país apenas – motivou as organizações católicas a interpelarem as instâncias políticas sobre a situação de habitação desses trabalhadores imigrantes, mas também sobre a exposição de pessoas imigrantes a redes criminosas e à exploração laboral e humana, chamando a atenção para a urgência de se promoverem vias seguras, ordenadas e regulares para quem procura trabalhar em Portugal.
Assim, o Fórum das Organizações Católicas para a Imigração (FORCIM), do qual o Centro Padre Alves Correia (CEPAC) faz parte, enviou uma Carta Aberta ao Presidente da República, ao senhor Primeiro-Ministro e aos Grupos Parlamentares com assento na Assembleia da República, em maio, disponibilizando-se para discutir soluções que permitam melhorar as condições de vida das pessoas imigrantes.
A audiência com o senhor Presidente da República veio a acontecer em agosto, na qual o FORCIM não só abordou a situação vivida em Odemira, como partilhou outras preocupações, nomeadamente sobre o acesso das pessoas e famílias imigrantes à Habitação, Saúde, Educação e Apoio Social, questões legislativas e a reestruturação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
Meses mais tarde, por ocasião da participação do Diretor Geral da Organização Internacional das Migrações (OIM), António Vitorino, no Conselho de Estado dedicado às Migrações – com as situações humanitárias de Moçambique e do Afeganistão como principais pontos da agenda, mas também o acesso universal à vacina contra a Covid-19 – o FORCIM teve a oportunidade de se encontrar com o mesmo e com o Chefe de Missão da OIM em Portugal, Vasco Malta. “Saio muito reconfortado com a consciência de que as organizações católicas em Portugal estão na primeira linha do apoio aos imigrantes e aos refugiados”, afirmou António Vitorino à saída da reunião com a delegação do FORCIM, que incluiu o CEPAC.
Em agosto, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa instou o FORCIM a continuar a ser uma voz ativa ao serviço das pessoas migrantes. A mensagem do Papa Francisco para o 107º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, celebrado pela Igreja Católica a 21 de setembro convida-nos a sonhar juntos, sem medo, “como uma única humanidade, como companheiros da mesma viagem, como filhos e filhas desta mesma terra que é a nossa Casa Comum, todos irmãos e irmãs”: Rumo a um “nós” maior.
No próximo dia 18 de dezembro, celebra-se o Dia Internacional dos Migrantes e o FORCIM vai organizar um evento especial, na Fundação Calouste Gulbenkian e online, para todas as pessoas interessadas em refletir sobre o que podemos fazer para alcançarmos esse sonho do encontro, diálogo e inclusão. O programa inclui a apresentação do Relatório de Indicadores de Integração de Imigrantes 2021, pelo Observatório das Migrações do Alto Comissariado para as Migrações (OM – ACM), a apresentação do Livro Branco sobre os direitos dos imigrantes e refugiados em Portugal, pelo Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS Portugal) e uma Conversa aberta “Rumo a um Nós cada vez maior – o que podemos fazer diferente?”.