O VI Dia Mundial dos Pobres celebra-se a 13 de novembro, mas o Papa Francisco publicou a13 de junho a sua Mensagem, obrigando-nos a olhar para a incontornável figura de Santo António. O mundo, embora muitos não sintam, está mais pobre. Ou melhor, há mais pobres no mundo, embora os ricos estejam cada vez mais ricos.
O Papa começa com uma sadia provocação, ‘para nos ajudar a refletir sobre o nosso estilo de vida e as inúmeras pobrezas da hora atual’. Lembra que o mundo gosta de colecionar tragédias, uma vez que após a pandemia da covid, achou por bem arrancar para a guerra na Ucrânia, que veio juntar-se às muitas expressões de violência já existentes no mundo, uma autêntica ‘terceira guerra mundial aos bocados’.
Lembra o Papa: ‘Quantos pobres gera a insensatez da guerra! Para onde quer que voltemos o olhar, constata-se que os mais atingidos pela violência são as pessoas indefesas e frágeis. Deportação de milhares de pessoas, sobretudo meninos e meninas, para os desenraizar e impor-lhes outra identidade!’ Continua a desfiar o rosário as desgraças: ‘Milhões de mulheres, crianças e idosos veem-se constrangidos a desafiar o perigo das bombas para pôr a vida a salvo, procurando abrigo como refugiados em países vizinhos. Entretanto, aqueles que permanecem nas zonas de conflito têm de conviver diariamente com o medo e a carência de comida, água, cuidados médicos e sobretudo com a falta de afeto familiar’.
Lendo a II Carta aos Coríntios podemos ver que Paulo se preocupou ‘imediatamente em organizar uma grande coleta a favor daqueles pobres. Os cristãos de Corinto mostraram-se muito sensíveis e disponíveis. Por indicação de Paulo, em cada primeiro dia da semana recolhiam quanto haviam conseguido poupar e todos foram muito generosos’. O Papa Francisco faz um apelo semelhante hoje, pois há milhões de pessoas que merecem a nossa partilha solidária e as nossas portas abertas ao acolhimento de quem foge de contextos de alto risco. Diz o Papa: ‘Neste momento, penso na disponibilidade que, nos últimos anos, moveu populações inteiras para abrir as portas a fim de acolher milhões de refugiados das guerras no Médio Oriente, na África Central e, agora, na Ucrânia. As famílias abriram as suas casas para deixar entrar outras famílias, e as comunidades acolheram generosamente muitas mulheres e crianças para lhes proporcionar a devida dignidade. Mas quanto mais se alonga o conflito, tanto mais se agravam as suas consequências. Os povos que acolhem têm cada vez mais dificuldade em dar continuidade à ajuda; as famílias e as comunidades começam a sentir o peso duma situação que vai além da emergência’.
Há momentos na história em que as teorias parecem suficientes, mas hoje não! O Papa Francisco é claro: ‘no caso dos pobres, não servem retóricas, mas arregaçar as mangas e pôr em prática a fé através dum envolvimento direto, que não pode ser delegado a ninguém’. Há que ultrapassar a mentalidade de um simples assistencialismo para avançarmos na direção de um desenvolvimento humano integral.