O Capítulo Geral dos Espiritanos, realizado em Bagamoyo, na Tanzânia, convidou-nos a ‘algo novo’, a não nos agarrarmos a modelos missionários que já não correspondem às necessidades do mundo contemporâneo. Curiosamente, o P. Francisco Libermann, no seu tempo, expressou os mesmos sentimentos: “Apegar-se aos velhos caminhos, e permanecer nos hábitos e espírito que então prevaleciam, é tornar os nossos esforços nulos, e o inimigo tornar-se-á mais forte na nova ordem. Adotemos, portanto, a nova ordem com franqueza e simplicidade, e tragamos-lhe o espírito do santo Evangelho, e santificaremos o mundo, e o mundo se apegará a nós”. Certamente, este ‘algo novo’ só será possível quando cada um de nós fizer “a sua parte, para participar, precisamente: que ninguém seja excluído ou se sinta excluído deste caminho, ninguém; que ninguém pense ‘isto não me diz respeito’”.
A nossa visão da missão espiritana hoje exige um compromisso de responsabilidade e co-responsabilidade por parte de todos. As mudanças necessárias só podem ocorrer através de um processo de compromisso e participação coletiva. Nesta missão partilhada, cada espiritano e leigo associado, num espírito sinodal, é convidado a ouvir e a participar ativamente. Alguns confrades tendem a favorecer a participação nas atividades da Igreja local em detrimento das da Congregação: deve ser encontrado um bom equilíbrio para que um dos lados não sofra.
Os textos do Capítulo Geral estão a ser publicados. Mas como disse o P. Joseph Lécuyer na sua primeira mensagem à Congregação, a 20 de Novembro de 1968, após a sua eleição como Superior Geral, “Não basta publicar belos textos ou novas Constituições para alcançar o nosso aggiornamento. Sem um longo período, não só de reflexão pessoal mas também de discussão comunitária, todo o trabalho do Capítulo Geral corre o risco de permanecer letra morta, de não ser incorporado nas nossas vidas”.
O Conselho Geral irá propor, a partir de Outubro próximo, um plano de animação para toda a Congregação, em três temas, para os próximos oito anos: missão, espiritualidade e vida comunitária intercultural. Este plano irá desenvolver três eixos que identificámos nos textos do Capítulo. Compromete-se cada um de nós, pessoal e coletivamente, num processo de conversão a fim de chegar a uma visão comum renovada, especialmente no que diz respeito à missão, à espiritualidade e a uma vida comunitária enriquecida pelas nossas diferenças culturais. Somos todos chamados a participar ativamente neste processo.
Nesta festa de Pentecostes, quando revivemos na liturgia a efusão do Espírito Santo e comemoramos a fundação da nossa Congregação, invoquemos o Espírito Santo com Maria: que Ele renove em nós o espírito da Congregação, para promover a missão espiritana, respondendo concretamente aos sinais dos tempos à luz do nosso carisma.
Alain Mayama
Superior Geral dos Espiritanos