É Pentecostes. O Espírito que pairava sobre as águas na manhã da criação (Génesis) é o mesmo que ungiu e enviou o Servo de Yahvé a anunciar a boa nova aos pobres e a libertação aos cativos (Isaías). E Jesus cumpriu esta Missão (Lc 4, 16-21). Foi Ele que mudou o coração de pedra em coração de carne (Ezequiel) e encheu Isabel de alegria quando Maria a saudou. O Espírito fecundou o seio de Maria e Jesus nasceu. Conduziu-O ao deserto para a vitória sobre as tentações. A manhã de Pentecostes marca o dia um da Igreja que contará sempre com a sua força, luz e coragem, levando os apóstolos pelos caminhos do mundo a anunciar o Evangelho. Sendo um único o Espírito são muitos os seus dons e carismas. Ele gera unidade e impele à Missão: ‘Ides receber uma força, a do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo’ (Act 1, 8).
Com a força do Espírito
Um dos fundadores dos Espiritanos, o P. Francisco Libermann, deixou uma Oração que continua a ser uma inspiração:
‘Santo e adorável Espírito, fazei-me escutar a vossa amável voz, refrescai-me com o vosso divino sopro. Quero ser para Vós como leve pena, a fim de que o vosso sopro me conduza para onde quiser e eu não lhe ofereça a menor resistência’.
E Pedro Valinho Gomes escreveu uma canção cuja letra fala dos Missionários empurrados pelo Espírito:
‘Eu sei de uma pomba que voa na terra, Lançada ao vento, levando o alento Aos homens em guerra! Sei de uns mensageiros de paz e perdão, Que dão sua voz aos homens sem vez, Sem esperança, sem pão! E à mesa de Deus reúnem os povos, Partilhando o pão e a fome de todos. São vidas, semente da nova cidade, da mesa do povo de Deus, arautos de uma novidade. são vidas doadas num gesto de amor nos braços da brisa de Deus, imagem de Cristo Senhor!’.
O Espírito, segundo Atenágoras
Atribui-se a este Patriarca Ortodoxo de Constantinopla a Oração que se segue:
‘Sem o Espírito Santo: Deus está longe, O Cristo permanece no passado, O Evangelho é letra morta, A Igreja é uma simples organização, A autoridade é uma dominação, A missão é propaganda, O culto é uma velharia e O agir cristão uma obra de escravos.
Mas, no Espírito Santo: O cosmos é enobrecido pela geração do Reino, O homem está em combate contra a carne, O Cristo ressuscitado torna-se presente, O Evangelho se faz poder e vida, A Igreja realiza a comunhão trinitária, A autoridade se transforma em serviço que liberta, A missão é um Pentecostes, A liturgia é memorial e antecipação, O agir humano é deificado’.
Frutos abundantes
Como escreveu D. Antonino Dias, o Espírito Santo é ‘elegantemente afável. Tem um agir muito próprio. Não fala de si próprio. Nunca ninguém o ouviu falar. Fala-se muitíssimo dele, é verdade, mas nunca ninguém o viu. Não se evidencia, vive em família, em comunidade, discretamente, como se não existisse. A sua presença, porém, experimenta-se, vive-se, usufrui-se, produz frutos em abundância, provoca alegria e paz’.