O Brasil é um país emergente em quase todos os sentidos. Os acontecimentos no Brasil causam reparos entre nós, não simplesmente por fazerem parte de Lusomundo, mas, porque ao nível mundial, já se destaca, de uma forma inegável, no comité das nações com os seus círculos de influências. O Brasil como país já se faz notar e, por isso, o que a ele diz respeito tem consequências globais e é merecedor da curiosidade que tem levantado na imprensa.
Já não são notícias as intrigas políticas do governo Brasileiro de abolir as densas e imensas reservas Amazónicas e provocar uma invasão de exploradores dos minerais e das vastas florestas da Amazónia. Também já não são novidade as reacções movidas pelo povo Brasileiro e de fora do Brasil. O que poderá vir a ser notícia é o desfecho deste imbróglio e a ocorrência de uma possível venda, ainda que em parte, duma das maiores reservas do planeta.
Embora não se faça referência aos ganhos/razões políticas envolvidas, quer para o governo, quer para as empresas multinacionais, (sem falar dos aborígenes), o desfecho que tiver não deixará de ter repercussões para todas as partes envolvidas. O governo pode-se defender dizendo que apenas pretendeu a exploração de uma área chamada de Reserva Nacional do Cobre e Associados (Renca) e, por seu lado, o povo alegar que teme que o decreto de Temer seja capaz de desalojá-los. Facto é que a experiência mostra que tais explorações têm efeitos arrasantes nas outras dimensões da vida, nas áreas exploradas e nos cidadãos.
Quando o músico Caetano Veloso e seus companheiros aproveitaram a plataforma 342Amazonia.org para propagar a famosa frase: ‘com a Amazónia não se brinca’ talvez pensassem só na importância ambientalista da mensagem, mas a verdade é que a mesma tem também contornos político-económicos. A experiência prova que, quando uma iniciativa de desenvolvimento não andar de mãos dadas com as aspirações indígenas, o resultado é, quase sempre, o empobrecimento das populações, em todos os sentidos. Se os indígenas se vêem desterrados e vítimas de um ato de desenvolvimento, fazem de tudo para obstaculizar o projeto.
Caso semelhante foi o da Nigéria, onde o povo de Niger Delta viu a sua terra tomada, os seus rios poluídos e as suas florestas arruinadas nas mãos de muitas empresas multinacionais, que se aliaram aos sucessivos governos da Nigéria, num empobrecimento sistemático e prolongado dos povos de Niger Delta. Fruto dessas explorações são a água do rio que deixou de ser potável; a terra, enfraquecida, que não suporta os edifícios; a inexistência de escolas, bem como de quaisquer outras empresas ou instituições de cariz humanitário onde as pessoas possam aprender ou trabalhar.
Agora todo o país se queixa, porque a área é intransitável, principalmente, por causa dos raptores. São raptados os homens e as mulheres, os ricos e os pobres, os nacionais e os estrangeiros. A população mais jovem, por falta de formação e enfurecida com a degradação ambiental à sua volta, leva a cabo uma carreira ignominiosa de raptos e roubos.
O que acontecer com a Amazónia terá consequências graves no aquecimento global. Tanto os animais como a vegetação, sobre os quais não temos um domínio absoluto, estarão em perigo. É uma questão de justiça escutar as criaturas das amazonas, começando pelas pessoas, mas não ignorando o resto da criação, no espírito de Integridade da Criação e do sétimo mandamento – não furtarás!
P. Simon Ayogu