Os bispos de Portugal publicaram em maio uma carta pastoral que é música para os nossos ouvidos espiritanos: com o título “Um olhar sobre Portugal e a Europa à luz da doutrina social da Igreja”, o documento percorre os grandes temas da atualidade. Ainda que todos eles sejam de crucial importância, destaco o da integração dos migrantes e o da valorização dos frágeis. Numa Europa a braços com tendências crescentes de agressividade e radicalismos xenófobos, é importante recordarmos que faz parte do nosso adn cristão e espiritano o acolhimento dos imigrantes, seguindo os quatro grandes verbos propostos pelo Papa Francisco: acolher, proteger, promover e integrar. Reafirmadas pelos nossos bispos, estas atitudes são típicas da presença espiritana em Portugal, com especial relevo para o CEPAC, focado neste campo de missão.
Em ano de eleições, e do inevitável balanço coletivo que todos somos convidados a fazer, os bispos reafirmam a condenação de um modelo económico em que o lucro desmedido se oponha à finalidade própria do lucro: o bem de cada pessoa e o bem de todos. Assumimos este olhar crítico, com vontade de reconverter os nossos estilos de vida, incluindo o nosso rigor face ao dever de pagar impostos, à obrigação de respeitar o ambiente e de mudar hábitos de consumo.
É bem-vinda esta maravilhosa carta pastoral, a inspirar também o mês de Pentecostes, em que revisitamos o essencial do nosso carisma. Na sua mensagem, o nosso Superior Geral, o P.John Fogarty, convida-nos a aprofundar a consciência de que as nossas fragilidades não são uma ameaça, mas o lugar onde a ação dos Espírito nos pode fazer crescer, se O deixarmos agir e nos deixarmos entreajudar numa caminhada comum de docilidade e de escuta contemplativa.
O valor do humano, a importância da diversidade e o desafio de proteger e promover os frágeis continuam a ser as grandes linhas da nossa inspiração. Há poucas semanas, tivemos em Portugal o congresso europeu de leigos espiritanos associados; para além de ter sido um grande momento de encontro e reflexão magnificamente preparado pelos leigos associados espiritanos de Portugal, foi sobretudo um modo simples e eloquente de manifestar algo de fundamental na nossa identidade: todos diferentes e todos unidos. Se conseguirmos viver isto de tal maneira que as nossas vidas, de espiritanos professos e de espiritanos leigos, se torne música para os ouvidos frágeis de um mundo ruidoso, parece-me que já teremos correspondido ao que o Espírito pede à Igreja, em tempo de Pentecostes!