Não é por escrever em maio e ser mulher, por ser mãe ou trabalhar num meio laboral essencialmente feminino, que vou falar disto.
É, talvez, por ver que o Papa, volta e meia, pega neste assunto do papel das mulheres na Igreja e na sociedade. Porque lhe é caro ou porque não o vê suficientemente bem tratado. Que fosse público, fê-lo por palavras logo três semanas após a sua eleição, e fê-lo por gestos, estendendo o lava-pés pela primeira vez também às mulheres, e nomeando cada vez mais mulheres para cargos de destaque no Vaticano.
E não tenho dúvidas que toda a reflexão teológica sobre a mulher é muito bem aceite dentro da Igreja, e que a proposta de entender que “a Igreja é feminina, é esposa, é mãe” é muito bem recebida, e que o entendimento de que as mulheres tiveram e têm um papel fundamental na transmissão da fé é um dado adquirido.
Já não estou convencida que tenhamos interiorizado o respeito pelo serviço das mulheres. Não sou eu que digo, é o próprio Papa, que é preciso denunciar quando “o papel de serviço da mulher desliza para um papel de servidão”. Se há expressão que me deixa os cabelos em pé é ouvir (que isto não se escreve) “as irmãzinhas”, que não se refere à sua conduta meiga e ternurenta mas que é um diminutivo das suas capacidades empreendedoras e intelectuais. São perfeitas, mas para os trabalhos menores.
sQuando sei de uma consagrada que é elevada aos altares, fico duplamente feliz. Feliz fico também porque conheço muitos exemplos de serviço em que as vocações, femininas e masculinas, vivem como verdadeiros parceiros na evangelização, somando os talentos e partilhando as diferenças. “As primeiras testemunhas da ressurreição foram as mulheres”, lembrou-nos o Papa Francisco. Eu acredito que não foi por acaso.