A Igreja escreve-se com P de periferia. Quem o diz não sou eu. Eu, simplesmente, reproduzo as palavras de Fernando Redondo Benito, cristão firmemente comprometido com a animação missionária na Arquidiocese de Toledo.
Deixar os recintos eclesiásticos, abandonar a comodidade, ser uma Igreja em saída, viver nas fronteiras, fazer-se periferia, são convites que temos recebido do Papa Francisco, mas são convites que recebemos também daqueles que se dizem fora-da-Igreja.
Os verbos são fortes: largar para ser. E o que é que temos feito? Respondido a questionários, compilado expectativas, redigido promessas. Igreja escreve-se com maiúscula porque é um nome próprio de identidade dos cristãos, mas é também um nome comum coletivo, por ser comunhão, por ser para todos em todos os lugares.
Ser católico para nós é tão fácil! Até nos podemos dar ao luxo de mudar de paróquia se não nos agradarem as homilias do prior, ou de pertencer a vários movimentos que até se chegam a rivalizar sobre quem faz mais pelos pobrezinhos.
Como pensa David Lodge, um escritor inglês católico, ser católico nunca é uma adesão abstrata, mas um modo de viver quotidiano, que se experimenta concretamente nas dificuldades de cada dia.
Andamos ocupados mas será que andamos animados? Já acordámos do “Sonho Missionário de chegar a todos”? Andamos à procura do caminho ou não nos apetece caminhar?
Como diz Fernando Benito, ser periferia é ir com rumo e com sentido porque assumimos o Evangelho na nossa vida.
Dizem os sociólogos que a sociedade moderna é líquida e por isso não tem forma, ou melhor, toma a forma de cada momento e nada é feito para durar.
Tudo é efémero. Mas os cristãos têm a sua forma bem definida: a cruz. Não da tortura de condenados. Da matemática: ser sinal “mais” para os outros.