O mês de novembro todos os anos nos convida, logo nos primeiros dias, a fazermos a memória dos que nos precederam. Todos os Santos e os Fiéis Defuntos evocam o passado, mas com os pés no presente, preparando o futuro. Recordamos e agradecemos a quem partilhou a nossa vida, a nossa história familiar ou a nossa fé, e nos legou exemplos de vida e ensinamentos que nos ajudam na nossa caminhada.
Para além dos dois primeiros dias de novembro, outros sinalizam para nós, espiritanos, acontecimentos e exemplos que nos convocam a obrigação da memória. No dia 3 de novembro recordamos a abertura da primeira comunidade espiritana em Portugal. Foi em 1867, em Santarém, com dois padres e dois estudantes, todos franceses. Desta forma modesta começava a caminhada que 157 anos depois continua, enfrentando os desafios e as interpelações que a história coloca à nossa missão. No dia 17 recordamos o ano de 1941, quando partem para Cabo Verde os primeiros espiritanos portugueses – um bispo e três padres. Pisaram solo cabo-verdiano pela primeira vez no dia 30. No dia 24 recuamos até ao ano de 1922, quando foi inaugurado o Seminário espiritano de Viana do Castelo, que ao longo de décadas recebeu centenas de seminaristas de diferentes níveis de ensino e formou dezenas de missionários.
A memória dos santos não se faz só no primeiro dia do mês. Foi neste mês, corria o ano de 1826, que Libermann recebe a graça de acreditar em Cristo, e se decide a deixar o judaísmo e se tornar cristão, iniciando decididamente o caminho que o levará ao Batismo e à paixão missionária. No dia 25 temos presente que há quarenta anos o Papa João Paulo II beatificou Daniel Brottier, missionário no Senegal, capelão militar na Primeira Guerra Mundial, e Pai dos Órfãos à frente da Obra dos Orfãos de Auteuil, em França. Por falar em Primeira Guerra Mundial, é no dia 11 que recordamos a assinatura do Armistício que lhe pôs fim. Nessa Guerra foram mortos 120 missionários espiritanos, 54 dos quais alemães.
Fazer a memória destas datas e das vidas que lhe dão significado é aprender com elas a olhar o futuro com fé e esperança, pois sabemos que não enfrentaram dificuldades menores que as nossas, nem desafios mais fáceis, nem circunstâncias menos problemáticas. Apenas diferentes. Com eles partilhamos a mesma força que os animou e conduziu: a Fé em Jesus Cristo. Se eles foram os “primeiros” em tantas iniciativas, é sempre tempo de iniciar novos passos na mesma missão de sempre. Como escutamos em outubro na mensagem do Papa para o Dia Mundial das Missões, “oxalá todos nós, batizados, nos disponhamos a sair de novo, cada um segundo a própria condição de vida, para iniciar um novo movimento missionário, como nos alvores do cristianismo”.
Todos os Santos, rogai por nós.