O dossier deste número levou o meu coração a “viajar” até ao sudoeste asiático. Curiosamente, faz precisamente três anos que estive no Oriente, nas Filipinas e em Taiwan. E que anos estranhos foram estes!
É precisamente a revisitar a caminhada destes três anos que o Papa nos convida na sua Mensagem para o 56º Dia Mundial da Paz, que se celebra no primeiro dia do ano.
“A Covid-19 precipitou-nos no coração da noite, desestabilizando a nossa vida quotidiana, transtornando os nossos planos e hábitos, subvertendo a aparente tranquilidade mesmo das sociedades mais privilegiadas, gerando desorientação e sofrimento, causando a morte de tantos irmãos e irmãs nossos”, lembra-nos o Papa. E o que é que aprendemos com isso? ” Quais são os novos caminhos que deveremos empreender para romper com as correntes dos nossos velhos hábitos, estar melhor preparados, ousar a novidade? Que sinais de vida e esperança podemos individuar para avançar e procurar tornar melhor o nosso mundo?”
«Juntos» é, para o Papa Francisco a palavra que brota no centro da humanidade deste terreno doloroso que vivemos. “Com efeito, é juntos, na fraternidade e solidariedade, que construímos a paz, garantimos a justiça, superamos os acontecimentos mais dolorosos”.
Mas quando o mundo ainda se recuperava do trauma, eis que outro facto colocou a humanidade à dura prova: a guerra na Ucrânia, uma “nova e terrível desgraça” comparável à Covid-19, mas esta pilotada por “opções humanas culpáveis”.
“Não era esta, sem dúvida, a estação pós-Covid que esperávamos ou por que ansiávamos”, lamenta o Papa, definindo a guerra uma “derrota da humanidade” para a qual ainda não há vacina.
“Com certeza, o vírus da guerra é mais difícil de derrotar do que aqueles que atingem o organismo humano, porque o primeiro não provem de fora, mas do íntimo do coração humano, corrompido pelo pecado.”
Que fazer?
Francisco esboça uma resposta: “Antes de mais nada, deixarmos mudar o coração pela emergência que estivemos a viver, ou seja, permitir que, através deste momento histórico, Deus transforme os nossos critérios habituais de interpretação do mundo e da realidade. Não podemos continuar a pensar apenas em salvaguardar o espaço dos nossos interesses pessoais ou nacionais, mas devemos repensar-nos à luz do bem comum, com um sentido comunitário, como um «nós» aberto à fraternidade universal.”
Recorda-nos que “as variadas crises morais, sociais, políticas e económicas que estamos a viver encontram-se todas interligadas” e que só caminhando juntos podemos ser verdadeiros “artesãos de paz e construir dia após dia um ano feliz!”