Sandro Ferreira | JSF Sul
O projeto Ponte permitiu-me conhecer novas realidades, culturas e também muitas pessoas com histórias de vida e personalidades bastante interessantes. Senti-me acolhido com uma facilidade e simplicidade que não estava habituado. As pessoas convidavam gentilmente para entrarmos nas suas casas e era sempre muito bom ver a sua humildade e a alegria que sentiam simplesmente por nós lá estarmos. Percebi que fazer missão por vezes pode ser tão simples e descomplicado como literalmente estar e mostrar a alguém a nossa presença. Aprendi bastante com o empenho e a motivação que o padre Elson tem ao trabalhar na sua paróquia que está a dar os seus primeiros passos. E era bastante visível o carinho que as pessoas têm por ele. É um padre novo, com muita energia e muitas ideias, o que faz dele um candidato perfeito para gerir uma paróquia tão recente e com tantas comunidades.
Mesmo antes de termos chegado ao Brasil, as comunidades já estavam muito entusiasmadas e a trabalhar entre si para nos receberem. Só esse facto significa que o projeto já tinha valido a pena mesmo antes estarmos no terreno, pois ajudámos a despoletar a vontade de cooperação, entreajuda e dinamismo entre as diversas comunidades, e isso é essencial para uma paróquia deste género funcionar bem.
Passámos também uma semana na favela de vila prudente onde ficámos com o padre Assis. Muito do trabalho do padre Assis é estar lá para ser incomodado. Todos os dias várias pessoas iam a casa dele, independentemente da hora, para pedir alimentos, roupas ou simplesmente para conversar um pouco. Era facilmente visível o amor que ele tem pelos mais necessitados. Um dia gostaria de ser tão certo de mim e das coisas que digo como ele o mostra ser. Nesse tempo que estive lá, aprendi que para servir não é preciso seguir um protocolo em que todos fazem tudo igual, o que interessa é sermos felizes a servir, mesmo que os outros critiquem ou não entendam.
Na última eucaristia que estivemos presentes, fomos enviados de volta para Portugal pela comunidade. Foi um momento muito bom e que só me lembra que o projeto terminou, mas a missão nunca acaba, sendo preciso dar testemunho do que vivi e também refletir sobre quem sou e o que quero fazer na minha vida com tudo isto que recebi durante aqueles dias em São Paulo.