Marisa Campos | JSF Douro
A palavra “Missão” está-me no coração desde muito cedo. Desde que comecei a fazer escolhas para o meu futuro soube que o meu caminho tinha que ser feito a servir. Inscrevi-me no Projeto Ponte porque queria dar mais um passo nesse meu caminho e sabia que teria muito espaço para crescer. O que eu não sabia era que este projeto ia moldar tanto a minha vida.
No Limoeiro, foi me dada a oportunidade de estar completamente ao serviço. A nossa missão lá era fazer apenas aquilo que nos pedissem para fazer, fazer aquilo que era preciso. Para nossa sorte, à nossa frente e a guiar-nos estava um homem que é o maior exemplo de serviço. Sempre que o cansaço começava a dar-me sinais, olhava para este exemplo e só tinha vontade de fazer ainda mais. Nas comunidades há sempre muito que é preciso fazer porque as dificuldades são muitas… aprendi que quando se ama o que se faz e com tempo, muita dedicação, fé e com trabalho em equipa tudo é possível fazer. Muitas pessoas com quem me cruzei são grandes sempre de serviço e o Padre Elson é uma delas. Não podia sentir-me mais agradecida por ter aprendido tanto com elas.
A Paróquia de Santa Teresa de Calcutá é constituída por 7 comunidades. Em cada uma delas fomos acolhidos como se fossemos filhos. Em todas encontramos pessoas muito alegres, genuínas e sobretudo humildes. Almoçamos e jantamos com muitas famílias. Cantamos, dançamos e partilhamos histórias em suas casas e em cada convívio senti que não tínhamos como agradecer tanto carinho que recebíamos. Sentir os sabores brasileiros dava-me muita vontade de aprender a cozinhar tudo para trazer para casa. A mandioca, a farofa, as saladas, as sobremesas com leite condensado! Tudo tinha sabor a amor e cuidado e são esses os temperos que espero trazer na minha vida. Mas o que me enchia o coração era a generosidade e as histórias das pessoas que nos acolhiam. Essas, trago no coração e espero um dia ter as palavras certas para as transmitir.
Tivemos ainda a graça de estar durante uma semana na Favela de Vila Prudente, no centro de São Paulo. Lá senti a tensão e a agitação da cidade e percebi que o que nos é transmitido pelos meios de comunicação nem sempre é fidedigno. Percebi que existem realmente muitas desigualdades sociais e que a luta contra elas só acontece lá, ao lado das pessoas. O Padre Assis foi quem nos acolheu durante esta semana e, em tão pouco tempo, ensinou-me coisas que levo para a vida. Ensinou-me que a luta pela justiça e dignidade humana é travada todos os dias. Ensinou-me que não basta falar, é preciso agir e, para isso, começasse nas coisas pequenas – estando disponível para conversar, ajudar ou só estar com as pessoas que precisam.
Agora que já regressei a Portugal, sinto-me imensamente agradecida. Sei que a missão estará sempre presente na minha vida porque depois de ter recebido tanto é impossível não pensar em como irei retribuir. O Projeto Ponte foi realmente uma ponte na minha vida, uma ponte que me permitiu dar mais um passo e fazer crescer ainda mais a vontade de servir.