4º Domingo do Advento
Se Deus nos parece muitas vezes distante e esfingicamente indiferente à (pouca) sorte, nossa e dos nossos, bem diferente é a imagem que d’Ele os textos deste domingo nos apresentam. Aí Deus é-nos apresentado bem atento e, também, interventivo.
É o que acontece na vida do rei David, não só para o censurar e castigar os seus erros (adultério com Betsabé, homicídio de Urias, contagem vaidosa das suas forças militares), mas também nas suas iniciativas louváveis e piedosas, como no caso hoje relatado, em que recebe a pronta aprovação e apoio do profeta Natã para a construção de um templo em honra de Javé. E é o que acontece também na vida de Maria.
Só que Deus é, muitas vezes, desconcertante, quer quanto ao momento, quer quanto à forma de intervir: porque a decisão Lhe pertence, é o seu relógio que conta. Por isso, não é David que Lhe vai construir um templo, mas é Deus que promete consolidar a sua realeza e a sua casa!
A nós compete-nos, como Maria, oferecer-Lhe um coração humilde e disponível. Era o que dela se afirmava, poucos dias atrás, a respeito da sua conceção imaculada: “Nem medo, nem recusa perturbaram a graça que em Ti cumpre a sua obra. Ofereceste a Deus aquele silêncio, onde habita a Palavra”.
No meio de tanta expectativa e da azáfama, que caracterizam os dias que precedem o Natal, pode parecer-nos impossível conseguir fazer silêncio. Mas sem ele também não será possível um Natal fecundo! E quem se contentar com um Natal de nadas, não colherá mais que vento e vazio! Só imitando Maria poderemos oferecer um coração silencioso, que o nosso Deus encherá das suas maravilhas! Por isso, nesta última semana, a Igreja convida-nos a entrarmos na intimidade de Maria, para com ela mergulharmos no mistério da Encarnação do Verbo de Deus, que “estava encoberto desde os tempos eternos, e agora foi manifestado e dado a conhecer”, porque, no relógio de Deus, soou a hora!
Por isso, com o papa Francisco, pedimos:
– Que Maria, mulher da decisão, ilumine a nossa mente e o nosso coração, para que saibamos obedecer à Palavra do seu Filho Jesus, sem hesitar; que nos dê a coragem da decisão, de não deixarmos que sejam os outros a orientar nossa vida;
– Que Maria, mulher da escuta, abra os nossos ouvidos; faça que saibamos escutar a Palavra do seu Filho Jesus entre os milhares de palavras deste mundo; faça que saibamos escutar a realidade na qual vivemos, cada pessoa que encontramos, especialmente aquela que é pobre, necessitada, em dificuldade.
É esta a Maria de que precisamos, é esta a Maria, a mulher do silêncio, que mais nos convém, para que também as nossas vidas possam ser fecundadas pela Palavra do nosso Deus!