Corria a manhã de 27 de Agosto de 2018 quando nós, um grupo de Jovens Sem Fronteiras acompanhado pelo Padre Missionário Espiritano Victor Silva, nos pusemos a caminho daquela que viria a ser uma Semana Missionária memorável. Entre o “receio que não chega a ser medo”, chegámos “juntos, carregando a esperança”, esperança de viver a missão em pleno, deixando que se abrissem todas as portas do coração. A missão é mútua, não somente dos que vão, mas de todos os que os acolhem, e se há uma certeza é a de que, na região de Cunha Baixa, “um acolher que nos inflama fez do receio melodia de amor”. E assim foi ao longo dos incríveis 10 dias que lá vivemos. Ao ritmo de jogos, conversas, música, brincadeiras e apoio em atividades e tarefas, entoámos uma melodia feita da partilha mútua entre gerações. Rimos e dançámos juntos, escutámos testemunhos de inexaurível força e Fé, ouvimos e contámos histórias de vida e partilhámos sorrisos, lágrimas e abraços francos.
Este compasso foi sentido nos lares e centros de dia com vigor. Foi ao som dele que vivemos a missão de cuidar e apoiar, prontos a partilhar as dificuldades e a celebrar as alegrias de cada um. Movidos pelo amor, nesta felicidade simples e autêntica, temos tanto a agradecer.
Com as crianças, embalados pelas notas de jogos, desenhos e brincadeiras, com a força dos sonhos e da autenticidade, deixámo-nos transportar pela sinfonia do imaginário, enquanto ensinámos, cuidámos e aprendemos. Mas também acompanhámos o compasso dos jovens, com os quais vivemos momentos de partilha incríveis. Testemunhámos em cada um uma motivação incomensurável em conhecer o que é ser Jovem Sem Fronteiras e entoámos sólidas notas de amizade que se continuarão a ouvir ao longe.
Esta “melodia de amor” escutava-se em toda a comunidade. E com esta compusemos laços que começaram no primeiro dia com a Eucaristia e Procissão em Mesquitela e se desenrolaram em tantos outros extraordinários momentos ao longo da Semana. Entre orações, caminhadas, torneios, eucaristias, refeições partilhadas e muito mais, todos os corações se abriram ao som da missão.
A forte vivência desta balada foi conduzida por um espírito de união inexprimível também no grupo, em que cada um tinha uma cadência única, mas em que todos viviam em uníssono. E é como um só que agora agradecemos por esta sensação incessante de querer voltar. Expressamos um sincero e imenso obrigado a todas as comunidades que nos acolheram. Por maior que seja a distância física, haverá sempre a Fé e o amor de Deus que nos unem como família. E como disse Saint-Exupéry: “Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”.
Ana Paula