Na segunda semana de julho um grupo de 19 participantes partiu de Valença a pé rumo a Santiago de Compostela. O grupo era composto por membros de todos os cantos do país de o Norte a Sul e até contava com um membro da Ilha do Pico. Os dias começavam sempre com uma oração preparada por um dos grupos de trabalho em que os participantes estavam distribuídos. Estes grupos eram encarregues de fazer tarefas que alternavam a cada dia. Podiam ser encarregues de preparar as orações para esse dia, podiam ter de lavar a loiça utilizada na preparação e ingestão das refeições, ou tinham de preparar dinâmicas para animar as pessoas durante o tempo livre.
O início da peregrinação não foi muito difícil a distância das etapas era menor e os caminhantes estavam mais descansados nos primeiros dias de caminhada. A meio da semana era mais evidente que chegar ao fim não seria fácil e que seria necessário muito esforço para aguentar as dores e o percurso à frente. Mas chegar ao fim não impedia o aparecimento de bolhas e inchaços nos pés, o que iria dificultar substancialmente o resto da peregrinação. Felizmente após chegarem ao fim das etapas havia, entre o grupo de caminhantes, a equipa de saúde, a qual estava sempre preparada para ajudar a tratar dos pés e das pernas de quem precisasse. Não era um tratamento permanente, mas sem esta ajuda muitos dos participantes não teriam chegado ao fim e os que chegassem não seriam capazes de se aguentarem em pé. Perto do final da semana e da peregrinação a dificuldade estava ao máximo, as etapas eram mais longas, o cansaço era maior e devido a isso a exposição solar também aumentou muito, no entanto esta maior dificuldade mostrava apenas mais um obstáculo que tinha de ser ultrapassado pelos peregrinos. A melhor solução para superar esta dificuldade foi arranjar motivação suficiente, esta motivação tinha diferentes origens para diferentes pessoas, para uns era o desejo de demonstrar a sua fé chegando ao fim da peregrinação, para outros eram as palavras encorajadoras que ouviam de outros membros do grupo e às vezes era uma simples mentira a dizer que faltava pouco para motivar alguém durante mais um bocado. Mas aquilo com que todos os peregrinos podem concordar é que sem Deus não teriam chegado até Santiago de Compostela, esta foi para muitos a força que os carregava durante as caminhadas e era muitas vezes a voz que os inspirava e que os impedia de desistir. “Só com Deus foi este grupo capaz de chegar até aqui.”. Este pensamento é partilhado por todos os participantes e justificadamente, pois sem alguma fé e alguns sinais a mostrar o caminho à frente é difícil imaginar alguém a ter motivação suficiente para caminhar mais de 120 quilómetros.
O fim da jornada foi para muitos tão ou mais difícil do que a caminhada porque significou dizer adeus, não só aos outros membros do grupo, mas também a esta aventura que começaram todos juntos. Para finalizar houve uma dinâmica onde a cada um foi dado a oportunidade de partilhar os seus pensamentos e aquilo que refletiu durante a sua jornada pessoal. Foi este o momento que ficará marcado como momento final desta peregrinação.
Emanuel Gomes Loureiro