Na impossibilidade de acompanhar presencialmente os grupos da Liga Intensificadora da Ação Missionária (LIAM), os animadores missionários organizaram-se para proporcionar aos seus membros uma ocasião de reflexão e comunhão missionária.
A oração do Pai-Nosso foi o tema escolhido para um conjunto de cinco breves reflexões que foram transmitidas entre os dias 4 e 8 de maio.
Pai Nosso que estais nos céus…
“Antes de ser uma oração, o Pai-nosso é um ensinamento de Jesus sobre a oração. Nas primeiras palavras: «Pai nosso que estais nos céus», o Senhor indica-nos as atitudes essenciais da oração:
Atitude filial: Pai: Jesus ensina-nos a rezar com um coração de filhos queridos, ao convidar-nos a rezar com a certeza profunda que tinha de ser o Filho muito amado do Pai. Como a Ele, o Pai também nos olha com esse olhar, que nos permite, pela ação do Espírito, clamar: «Abba! Pai! Pai querido, paizinho, papá». Esta é a novidade absoluta da oração de Jesus e, por via disso, da oração cristã.
Atitude fraternal: Pai nosso: Todo o Pai-nosso está no plural. Quando rezo, não penso só em mim, mas em todos os seres humanos. Quando rezo, não rezo sozinho, mas com todos os seres humanos, chamados a participar na vida nova de «filhos no Filho». É de notar ainda que ao rezar no plural, descentro-me e abro o coração ao amor dos irmãos. Realizo, assim, na oração o mandamento de amar o próximo como a mim mesmo.
Atitude de amor reverencial: Pai nosso que estais nos céus: Jesus convida-nos a tomar consciência da transcendência de Deus. Se Ele nos olha como um Pai querido, não deixa, porém, de ser quem é: Deus. O nosso coração há de estar na sua presença com amor filial, mas perpassado de reverência. Deus não é simplesmente um igual, mas o Altíssimo, o totalmente Outro. Desde esta perspetiva, podemos dizer que Ele está nos céus, nós na terra! Diante de Deus Pai, o coração embora impregnado de ternura e amor filial, está de joelhos, em profunda reverência e adoração.”
P. Agostinho Tavares
…Santificado seja o Vosso Nome, venha a nós o Vosso Reino,
seja feita a Vossa Vontade,
assim na terra como no céu…
“Ao dizer “Santificado Seja o Vosso Nome” estamos a pedir que o nome de Deus seja honrado como Santo entre nós. Deus ama-nos e enviou-nos o seu filho manifestando assim a sua proximidade, o seu amor extremo. É neste mistério de amor que somos convidados a viver para que Ele se santifique em nós. Como podemos ser santos? Amando-nos uns aos outros. A santidade não escolhe idade, raça, género, condição social, diz o Papa Francisco. Somos todos santos na medida em que vivemos com amor e oferecemos o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra.
O reino de Deus está entre nós, o povo de Deus, a Igreja, que tem a missão de difundi-lo continuando a obra. Ao rezarmos o Pai-Nosso estamos a fazer com que o Reino de Deus venha, porque rezámos ao Pai do Céu, unidos a Jesus. E onde Jesus está, está lá o Reino de Deus. Peçamos todos os dias “Venha a nós o Vosso Reino”, para que o reino de Deus chegue a todos.
“Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu”: Paulo escreve ao Timóteo e a sua comunidade que a vontade de Deus é “que todos os homens (e mulheres) se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade 1Tm 2,3-4. “Felizes, antes, os que escutam a Palavra de Deus e a põem em prática”. Quando dizemos a Deus que gostamos dele, que ele é bom, perfeito, não é suficiente. Deus quer um Reino de Amor e paz, algo que parece tão simples, mas que é tão difícil de alcançar.”
P. Edward Apambila
…O Pão Nosso de cada dia nos dais hoje…
“Rezar o Pai nosso não pode ser um momento religioso decorativo, indiferente à vida, mas torna-nos corresponsáveis uns pelos outros, pois peço o pão nosso (de todos) para cada um, para todos.
Jesus nunca foi nem é indiferente a um pedido que Lhe seja dirigido e ao ensinar-nos a rezar ‘o pão nosso de cada dia nos dai hoje’ está a ensinar-nos a ser responsáveis uns pelos outros, a estarmos atentos uns aos outros, a lutarmos empenhando-nos para que cada um tenha o essencial, o necessário para viver dignamente.
Jesus ao ensinar-nos ‘o pão nosso de cada dia nos dai hoje’ ensinava e ensina a pedir o pão para nos alimentarmos diariamente mas também para pedirmos o pão que purifica, que cura, que cura do egoísmo, do comodismo, da indiferença, que cura a vista para descobrirmos e sentirmos as necessidades dos outros.
Jesus ensina-nos a pedir o pão não só para nós mesmos, mas para todos no mundo. Se não se rezar deste modo, o “Pai-Nosso” deixa de ser uma oração cristã.
Deus é nosso Pai, como nos podemos apresentar a Ele sem nos darmos a mão? Todos nós. E se roubarmos uns aos outros o pão que Ele nos concede, como podemos dizer que somos seus filhos?
Rezar o Pai Nosso exige uma atitude de empatia, uma atitude de solidariedade. Na minha fome sinto a fome das multidões, e então rezarei a Deus enquanto o pedido delas não for ouvido.”
P. José Carlos Coutinho
…Perdoai-nos os nossos pecados, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido…
“Quem reza pede a Deus que sejam perdoados os seus pecados.
O orgulho deve ser combatido. O fariseu, rezava: “Agradeço-te, Senhor, porque eu não sou como os outros”. Ao contrário o publicano, que não se sente digno de entrar no templo e recomenda-se à misericórdia de Deus, regressa «justificado para sua casa».
As duas partes da invocação ligam-se com uma conjunção: perdoe os nossos pecados, “como” nós perdoamos …
O rosto de Deus é misericórdia. Jesus diz-nos que há mais alegria no céu por um pecador que se arrepende, do que por uma multidão de justos que não precisam de conversão. Mas também amor fraterno – «porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai celeste vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também o vosso Pai não vos perdoará as vossas».
Se não formos misericordiosos e não nos perdoarmos reciprocamente, a misericórdia de Deus não entra no nosso coração. “Amemos antes de tudo porque fomos amados, perdoemos porque fomos perdoados.”
P. Hugo Ventura
…Perdoai-nos os nossos pecados, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido…
“Oração do Senhor – “O Pai-Nosso” – terminou com a petição: “Livrai-nos do Mal”. Estamos habituados a ouvir falar do mal e reconhecemos que é uma realidade incontornável que às vezes nos atinge. Nesta oração mais conhecida na liturgia da Igreja o Mal não se designa simplesmente uma abração; Jesus fala do Mal personificado como uma realidade que se apresenta com vários nomes: satanás, o maligno, o anjo que se opõe a Deus, o tentador, o inimigo de Deus e adversário do Seu reino. São João chama-lhe o «assassino desde o princípio, mentiroso e pai da mentira» (Jo. 8,44). É a origem de todos os males; o dragão que faz guerra contra os que observam os mandamentos de Deus e guardam o testemunho de Jesus Cristo (Apocalipse 12, 17). No mundo são devastadoras as obras do Mal; desvia os homens de Deus e dos seus projetos. Pedindo o Senhor que nos liberta do Mal é um verdadeiro ato da fé e mostra como nós depositamos nEle a nossa confiança. «Ao pedirmos para sermos livres do Maligno, pedimos igualmente para sermos livres de todos os males, presentes, passados e futuros, dos quais ele é autor ou instigador» (CIC nº 2854). Enquanto vivemos seremos confrontados com o Mal, mas Jesus garante-nos o auxílio do Pai. Parente o Mal que ameaça a nossa vida, a nossa existência, a nossa relação com Deus e a nossa relação uns com os outros, só podemos adotamos atitude da confiança no Senhor. Em Cristo Deus nos proteja e nos liberta do Mal.”
P. Paulinus Anyabuoke