33º Domingo do Tempo Comum
À primeira vista, pode parecer não ser esta a mensagem da Palavra do Senhor deste Domingo. Mas é mesmo!
O texto do livro dos Provérbios, fala-nos da mulher virtuosa, cujo valor “é maior que o das pérolas”. E esta reflexão não é tanto para nos falar da raridade de tal mulher virtuosa, mas do seu inestimável valor! João Paulo II escreveu: “À luz de Maria, a Igreja lê no rosto da mulher os reflexos de uma beleza que é o espelho dos mais elevados senti-mentos que o coração humano pode albergar: a totalidade do dom de si por amor; a força que é capaz de resistir aos grandes sofrimentos; a fidelidade sem limites; a operosidade incansável e a capacidade de conjugar a intuição penetrante com a palavra de apoio e encorajamento” (A Mãe do Redentor, nº 46). Esta é a verdadeira riqueza da mulher. Perdê-la em nome de um pseudo-igualitarismo com o homem – como hoje se pretende – é empobrecê-los a ambos.
Também na parábola por Jesus contada, não podemos deter-nos na quantidade – diferente – de qualidades ou dons confiados aos diversos personagens, pois um único talento equivale a 35 Kg de ouro ou prata! Isto é, mesmo o ‘pouco’ ao nosso olhar é sempre ‘muito’ para Deus e, com esse ‘pouco’, ‘muito’ podemos fazer!
Mas, não deixa de ser verdade que a vida é sempre um risco. Até a sabedoria popular afirma: “quem não arrisca, não petisca”! Só que, quando arriscamos com prudência e audácia, num espírito de fidelidade ao nosso Deus e em atitude de serviço aos outros, o Senhor garante-nos que “petiscamos” mesmo!
De facto, o que conta para o nosso Deus é o empenho posto na potenciação das qualidades e dons recebidos. Por isso, são igualmente elogiados os dois primeiros servos, embora com resultados quantitativamente diferenciados, mas igualados no seu desempenho, considerado ‘excelente’. Só o último, e não por só ter recebido um talento, mas por se ter deixado aprisionar pelo medo e pelo receio do fracasso, é que não é elogiado e é desapossado do ‘pouco’ que tinha.
De facto, a vida não é para ser desbaratada em futilidades – “a graça é enganadora e vã a beleza” – ou para ser cobardemente desperdiçada pela inutilidade, mas para ser posta a render. Só dessa maneira ela nos será devolvida, em medida acrescentada. É que, pior ‘inferno’ do que a consciência de uma vida fracassada, porque desperdiçada, não poderá haver!
Por isso e porque não somos donos das nossas capacidades, para delas dispormos a nosso bel-prazer, o caminho a seguir é aquele que S. Paulo apontava aos cristãos da Comunidade de Tessalónica: “permaneçamos [sábia e ativamente] vigilantes e sóbrios”, para correspondermos alegre, entusiástica e generosamente à bondade do nosso Deus, que nos confiou de forma generosa os seus dons, para deles beneficiarmos não só nós, mas também os nossos irmãos.