4º Domingo da Páscoa
O simples facto de toda a “ação organizada da Igreja através da qual se torna presente, aqui e agora, a ação salvífica de Cristo”, se chamar ‘pastoral’ revela a importância paradigmática da parábola joanina do ‘Bom Pastor’, escutada no evangelho deste domingo.
Por isso, também a exortação de S. Pedro – “apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado, velando por ele, não constrangidos mas de boa vontade, segundo Deus, não por ganância mas por dedicação, nem como dominadores sobre aqueles que vos foram confiados mas tornando-vos modelos do rebanho” (1Ped. 5,2) – é extensiva a todos quantos, de alguma forma, estão envolvidos na ação pastoral da Igreja.
Até porque ‘Bom Pastor’ é um só: Jesus Cristo, “constituído por Deus Senhor e Messias”, de quem precisamos de “seguir os passos”, para que Ele possa atuar através de nós. Feitos uma só coisa com o Mestre, os discípulos não ficam sós para anunciar o reino dos Céus, mas é o mesmo Jesus que age neles: ‘Quem vos acolhe, a Mim acolhe; e quem Me acolhe, acolhe Aquele que Me enviou” (Mt. 10,40).
Servir a Igreja ao jeito do Bom Pastor é despojar-se de tudo e de si mesmo, é ser capaz de abdicar dos seus gostos, dos seus planos, do seu tempo; é viver sem relógio e ter uma agenda única: a prosperidade do rebanho que lhe está confiado. Este jeito só se aprende na oração e na intimidade com Cristo. Com efeito, “a primeira condição é cultivar um profundo espírito de oração, alimentado pela escuta diária da Palavra de Deus”.
A mensagem do papa Francisco para este Dia Mundial de oração pelas vocações de especial consagração – ministério sacerdotal e vida consagrada – parte do texto evangélico (Mt.14,22-23), “que nos conta a experiência singular que sobreveio a Jesus e a Pedro durante uma noite de tempestade no lago de Tiberíades”. Com efeito, “os discípulos chamados a seguir o Mestre de Nazaré, têm de se decidir a passar à outra margem, optando corajosamente por abandonar as próprias seguranças e seguir os passos do Senhor. Esta aventura não é tranquila: cai a noite, sopra contrário o vento, o barco é sacudido pelas ondas, e há o risco de sobrepor-se o medo de falhar e não estar à altura da vocação”.
Pode parecer estranho que o papa Francisco retome a mensagem de uma carta sua, dirigida um ano atrás aos Sacerdotes, por ocasião do 160º aniversário do Santo Cura d’Ars. Na verdade, a finalidade desta semana é rezar, antes de mais, por aqueles que já iniciaram a ‘travessia’, para que permaneçam alegre e apaixonadamente fiéis. Daí, as quatro palavras-chave – tribulação, gratidão, coragem e louvor – verdadeiramente indispensáveis ao longo de toda a ‘viagem’.
Mas elas são igualmente indispensáveis para quantos estão dispostos a acolher o convite/desafio do Senhor: “faz-te ao largo!”: “Penso em quantos assumem funções importantes na sociedade civil, nos esposos, que intencionalmente me apraz definir “os corajosos”, e, de modo especial, penso nas pessoas que abraçam a vida consagrada e o sacerdócio. Conheço a vossa fadiga, as solidões que, às vezes, tornam pesado o coração, o risco da monotonia que, pouco a pouco, apaga o fogo ardente da vocação, o fardo pesado da incerteza e da precariedade dos nossos tempos, o medo do futuro.”
A todos e a todas o Papa diz: “o Senhor sabe que uma opção fundamental de vida – como casar-se ou consagrar-se de forma especial ao seu serviço – exige coragem. Ele conhece as interrogações, as dúvidas e as dificuldades que agitam o barco do nosso coração e, por isso, nos tranquiliza: “Não tenhas medo! Eu estou contigo”! A todos e a todas o Papa diz: “o Senhor sabe que uma opção fundamental de vida – como casar-se ou consagrar-se de forma especial ao seu serviço – exige coragem. Ele conhece as interrogações, as dúvidas e as dificuldades que agitam o barco do nosso coração e, por isso, nos tranquiliza: “Não tenhas medo! Eu estou contigo”! A todos e a todas o Papa diz: “o Senhor sabe que uma opção fundamental de vida – como casar-se ou consagrar-se de forma especial ao seu serviço – exige coragem. Ele conhece as interrogações, as dúvidas e as dificuldades que agitam o barco do nosso coração e, por isso, nos tranquiliza: “Não tenhas medo! Eu estou contigo”!
Este é, no dizer do papa Francisco, o antidoto que nos pode libertar “daquela acédia, que podemos definir como uma “tristeza adocicada”, isto é, daquele desânimo interior que nos bloqueia, impedindo-nos de saborear a beleza da vocação, pois “toda a vocação nasce daquele olhar amoroso com que o Senhor veio ao nosso encontro, talvez mesmo quando o nosso barco estava à mercê da tempestade. Mais do que uma escolha nossa, a vocação é resposta a uma chamada gratuita do Senhor. Por isso, conseguiremos descobri-la e abraçá-la quando o nosso coração se abrir á gratidão e souber reconhecer a passagem do Senhor pela nossa vida”.