21º Domingo do Tempo Comum
Vivemos num tempo e numa cultura em que a indecisão impera: são os governantes e os políticos que prometem, mas não se comprometem; são as pessoas que se escudam no “toda a gente faz assim”; são os jovens que adiam para o mais tarde possível o compromisso matrimonial e familiar. Numa palavra, é o cinzento da indefinição e do descompromisso que reina nos dias de hoje.
Mas a Palavra do Senhor deste Domingo não pactua com este reino da indefinição e do descompromisso. Pela boca de Josué, somos desafiados a tomar uma opção: por Deus ou sem Deus.
Mas é sobretudo no evangelho, na conclusão de uma reflexão que vem desde o 17º domingo, que Cristo não aceita prolongar a indefinição e ‘obriga’ os Doze a definirem-se: “também vós quereis ir embora?”. Foi desta provocação de Cristo que resultou uma das mais belas profissões de fé: “para quem iremos nós, Senhor?” E esta decisão não foi tomada por ter uma maior compreensão das afirmações de Jesus, nem por simples comiseração com o Mestre, mas apenas por uma convicção inabalável: “só Tu tens palavras de vida eterna”.
Receber, na comunhão, o Corpo de Cristo, é, por isso, fazer uma escolha fundamental na nossa vida, que acarreta várias implicações, pois trata-se de uma fé que tem de passar para a vida, formatando todo o nosso ser e o nosso agir: é uma fé que se concretiza em fidelidade.
De facto, ficar com Cristo implica, antes de mais, ser homem ou mulher, gente que toma decisões e lhes permanece responsavelmente coerente….
Ficar com Cristo implica, como Elias, não resignar-se na vida, mas aceitar caminhar ao longo de toda a existência até ao encontro com Deus…
Ficar com Cristo implica acompanhá-l’O até ao Calvário e à Ressurreição…
Ficar com Cristo implica passar de uma fé abstrata e descomprometida a uma fidelidade em todas as circunstâncias da vida…
Ficar com Cristo implica passar de um tipo de relacionamento, baseado na arrogância, no poderio e na imposição, para uma atitude de submissão amorosa, pronta e alegre, em que os direitos cedem a primazia aos deveres, em que o centro das minhas preocupações passa a ser o outro, seja ele quem for, particularmente o mais pobre, o mais fraco, o abandonado…
Ficar com Cristo implica gastar a vida ao serviço dos outros, na esteira de Cristo que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida”.
Comungar é exatamente tudo isto. Não deixemos passar este domingo sem nos perguntarmos que influência real tem a comunhão do Corpo de Cristo no dia a dia da nossa vida!