Estive há tempos numa pequena, mas muito bonita, cidade da costa italiana que se chama Gaeta. Fica bastante a sul de Roma, quase a chegar a Nápoles. O nome dirá pouco, pois a mim não dizia mesmo nada até ao dia que a visitei. Fiquei fascinado com uma povoação muito antiga situada num cabo, banhado pelo Mediterrâneo. Trata-se de uma terra cheia de história, pois vários Papas por ali passaram, sobretudo em momentos críticos da história de Itália, quando os Estados Pontifícios se sentiram ameaçados e o Papa corria perigo.
Ora, será entre 1848 e 1850, que o papa Pio IX, ‘exilado’ em Gaeta, vai ter uma espécie de visão, na Capela de Ouro, situada hoje dentro do Santuário da Santissima Annunziata. Ali, o Papa sentiu-se inspirado para proclamar ao mundo que Nossa Senhora foi concebida sem pecado. Depois de regressar a Roma em 1850, o Papa partilhou essa convicção com os bispos do mundo inteiro e, recebidas e analisadas as reacções, proclamou em 1854 o dogma da Imaculada Conceição de Maria, Mãe de Jesus. Tive a alegria de visitar e rezar nesta Capela de Ouro, hoje local de peregrinação. E assim conheci a história desde o seu começo.
Os Papas, desde há muito, presidem a uma celebração, a 8 de dezembro, na Praça de Espanha, em Roma. É um dos locais onde os turistas passam todos, naquele percurso entre a Praça do Povo e o Monumento ao rei Vitor Emanuel, percorrendo a famosa Via del Corso. O desvio que leva a esta Praça está repleto de casas comerciais de marcas caríssimas. E, na Praça, está a grande escadaria que serve para passagens de modelo e muitos eventos culturais. Mas, num dos extremos, junto à sede da Congregação da Evangelização dos Povos, há uma estátua enorme da Imaculada Conceição, colocada num pedestal muito alto. Por essa razão, ali se celebra anualmente a solenidade da Imaculada Conceição.
O Papa Francisco lá estará a 8 de dezembro. Nos seus documentos principais, a referência à Mãe de Jesus é uma constante. Diz na Alegria do Evangelho: ‘Cristo conduz-nos a Maria; conduz-nos a ela, porque não quer que caminhemos sem uma Mãe; e, nesta imagem materna, o povo lê todos os mistérios do Evangelho’ (EG 285). Mais adiante afirma: ‘Maria é aquela que sabe transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura.(…). Como uma verdadeira Mãe, caminha connosco, luta connosco e aproxima-nos do amor de Deus’ (EG 286). Por fim, diz que ‘sempre que olhamos para Maria voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afecto’ (EG 288). No seu documento sobre a santidade, o Papa Francisco lembra que Maria ‘viveu como ninguém as Bem-aventuranças de Jesus.(…). Conversar com ela consola-nos, liberta-nos, santifica-nos’ (GE 176). E, no texto sobre os jovens, a fé e o discernimento vocacional, o Papa aponta Maria como exemplo de mulher em busca constante, ‘enfrentando as suas interrogações e as suas próprias dificuldades quando era muito jovem’ (CV 298).
Maria será sempre um modelo de fé, de dedicação e de atenção aos mais pequeninos e pobres. ‘Temos Mãe!’, gritou o Papa em Fátima e todos os católicos podem fazer seu este grito de Francisco.