Factfulness, que poderá ser traduzido livremente por Factualidade (relativo a factos confiáveis) é um livro de um médico sueco, Hans Rosling, sobre a análise de dados relativos ao estado do mundo atual em comparação com as últimas décadas, mostrando com factos que o mundo mudou… para melhor. Sim, para muito melhor do que pensa a generalidade das pessoas. Começa com um questionário para aferir o que o leitor sabe acerca de alguns temas sobre o mundo. As três possibilidades de resposta a cada pergunta não são óbvias, mas fiquei surpreendido por as minhas não terem chegado a metade das respostas certas. Para quem escreve numa coluna Ritmos do Mundo, talvez fosse melhor pedir dispensa de continuar a escrever neste espaço. Mas afinal estou um melhor do que a média. O questionário foi feito a cerca de 15.000 pessoas em vários países do mundo, inclusive a alguns prémios Nobel, professores universitários e decisores mundiais). Estou bem acompanhado na minha relativa ignorância. A média das respostas certas é de 17%. É interessante verificar que nas perguntas onde se tem um conhecimento mais superficial, a tendência é optar pela resposta mais negativa.
Alguns dados que nos podem surpreender: a pobreza extrema (viver com menos de 2 euros por dia) diminuiu para metade nos últimos 20 anos (mais de 600 milhões de pessoas). O número de mortes por desastres naturais também diminuiu para metade nos últimos 100 anos (a capacidade para mobilizar meios necessários de ajuda, melhorar construções e instruir as pessoas para atuar em caso de catástrofe, melhorou consideravelmente). Mais dados: 80% das crianças no mundo são vacinadas (a diminuição da mortalidade infantil é uma das maiores conquistas mundiais) e algumas doenças foram erradicas ou estão em vias de. A percentagem de eletrificação das casas abrange 80% das pessoas no mundo. A esperança média de vida atualmente ronda os 70 anos, quando em 1800 era de cerca de 30 anos.
A ideia não será pintar o mundo de cor-de-rosa, até porque o autor não ignora outros problemas prementes, mas tão simplesmente mostrar factos concretos e desses dados podermos aferir o quanto a humanidade progrediu e que esses progressos devem trazer algum otimismo racional. Um espírito realista e otimista aborda os problemas de uma outra forma, mesmo sabendo que na sociedade, os problemas são uma construção social permanente num contexto complexo e cada mais interligado. A nossa tendência para piorar o cenário deriva muito da forma como a mente humana funciona e que é alimentada pelas notícias que ouvimos e extrapolada hoje em dia pelas redes sociais onde abundam as tais fakenews (notícias falsas).
Conhecer para atuar e atuar para fazer a diferença. Para um mundo cada vez melhor.