Manuel Rito Dias não escreve livros. Cria poemas, belos, corajosos, lúcidos, intervenientes, radicados na Bíblia. Depois, de tempos a tempos, junta-os para não se esquecerem, para que nós não percamos a sua mensagem profunda, poética, inspiradora. Marca-me esta coragem criativa de dizer.
De Angola a Fátima
Conhecemo-nos e ficamos amigos desde os tempos duros e conturbados da guerra civil de Angola. Ele era um pároco nas periferias de Luanda. Mas era, sobretudo, o diretor do jornal-revista Apostolado, uma das raras publicações dos tempos da absoluta falta de liberdade de expressão em Angola. A nossa amizade daria passos largos durante a visita do Papa João Paulo II a Angola, naquele Junho de 1992.
De regresso a Portugal, Fátima tem sido o seu quartel-general e a revista Bíblica o espelho onde podemos ver refletido este autor, nos poemas bíblicos que nos oferece em cada edição. Simbólica é a sua passagem por Timor-Leste, o país onde ‘falta água e sobram poços’, onde escreveu alguns dos poemas mais belos e desafiantes deste livro.
Nos passos de Francisco…
Se a sua vida é a missão em poema, esta obra é uma síntese, fruto de uma escolha metódica de textos que marcaram décadas de vida expressas por reflexões inspiradoras e provocadoras de humanidade. É uma autêntica imagem de marca de um capuchinho que exprime a ‘paz e bem’ e a fraternidade universal de Francisco, o pobre de Assis: Nas lágrimas dos pobres e doentes, Francisco a bíblia inteira compreendia: levando paz e bem aos indigentes, estava a ler em livros diferentes, aquilo que Jesus sempre fazia’.
A vida e a Bíblia…
A maioria dos textos são poemas nascidos de um quotidiano de entrega aos outros e de um olhar franciscano da natureza e de quanto se passa à sua volta, ao perto ou ao longe. São frutos da maturidade dos 80 anos, quando ‘as árvores estão de pé,
mas as folhas estão amarelas e os cabelos brancos’.
O Hino do Congresso Missionário 2008 resume tudo: ‘Tu sabes onde está a chave certa das portas que se fecham à verdade; e sabes o segredo que liberta da fome e solidão a humanidade’.
O livro termina com um hino à luz: ‘A luz marca as fronteiras da nossa existência: quando nascemos, todos somos dados à luz; quando morremos, todos entramos na luz perpétua’.
Haja Luz, haja Palavra, haja Missão.
Difusora Bíblica