“Sempre atuando, mais e melhor…” foi com estas notas, entoadas com grande alegria e gratidão, do hino da Liga Intensificadora da Ação Missionária (LIAM) que encerrou mais um encontro nacional deste movimento laical, o mais antigo e numeroso da família espiritana em Portugal, que decorreu em Fátima, nos dias 19 e 20 de fevereiro.
Fátima é um lugar muito especial para a LIAM, que ali nasceu em 1937. É, portanto, o ponto de encontro natural para este momento catalizador da sua vida e missão que ali reuniu cerca de duas centenas de liamistas de todo o país.
Sintonizados com o dinamismo sinodal da Igreja, escolheram como tema para este ano “Comunhão, participação e missão”, e procuraram aprofundá-lo através de um movimento em busca das raízes e fundamentos das nossas estruturas de missão.
Depois da oração da manhã e das boas-vindas por parte da Marta Fonseca, presidente nacional da LIAM, o Frei Herculano Alves, capuchinho, abriu aos participantes as páginas da Escritura. A partir da passagem de Act. 1,12-26, ajudou a identificar os dinamismos essenciais da estrutura e missão da Igreja nascente.
Aberta a Escritura, os participantes foram convidados, na segunda parte da manhã, a um exercício prático de lectio divina, como convite a perceber o lugar central que a Palavra de Deus pode e deve ocupar na animação e discernimento nos nossos grupos missionários.
E, como a semente acolhida em boa terra, frutifica, o início da tarde focou-se na solidariedade missionária da LIAM que tanta diferença faz. Num primeiro momento, D. Teodoro Tavares, bispo da diocese de Ponta de Pedras, no Brasil, esteve em direto através da internet para falar das alegrias e desafios da missão naquela região amazónica e da importância das “Rádios Comunitárias” naquele contexto. Uma das campanhas solidárias da família espiritana está a apoiar este ano reverte precisamente para um projeto que pretende capacitar a atividade missionária da diocese através das rádios.
De seguida, tomou a palavra a Ana Mansoa, diretora técnica do Centro Padre Alves Correia (CEPAC), instituição de apoio aos imigrantes em situação de vulnerabilidade, que testemunhou, de forma emocionada, a transformação na vida real das pessoas proporcionada pelo projeto “Jobs to life”, patrocinado também pelas campanhas da Família Espiritana.
Houve, depois, espaço para partilha de testemunhos da criatividade e dinamismo de tantos grupos que, em tempos de “paralisia covid” não se resignaram e continuaram “de mãos dadas com a missão”. Houve, inclusive, diversos grupos da LIAM que nasceram nestes últimos anos, tal como demos conta no joral “Ação Missionária”. O P. Hugo Ventura, apresentou o projeto “Missão Cor Unum” que levará um grupo de voluntários até à Diocese de Ponta de Pedras, no Brasil, para um mês de missão, em setembro deste ano.
O tema da segunda parte da tarde de sábado, “em Família Espiritana”, desenvolvido pelo P. Eduardo Ferreira, teve como objetivo primeiro tornar mais forte a convicção de que a dimensão missionária da Igreja, a missionariedade e a Animação Missionária não são uma causa menor e, como disse S. J. Paulo II, a Missão de Cristo Redentor, confiada à Igreja, está ainda bem longe do seu pleno cumprimento. Revisitando as nossas fontes, onde bebemos a nossa vocação e missão, percebemos que a LIAM, com seus 85 anos de história, não nasceu por caso, mas é fruto dessa nortada missionária que sacudiu a Igreja nas primeiras décadas do século XX, com a marca da inclusão dos leigos na missão da Igreja, dinamizados pelos Espiritanos.
A tarde terminou com a celebração Eucarística, presidida pelo P. Edward Apambila. No serão houve ainda oportunidade de, no rescaldo do centenário das Irmãs Missionárias do Espírito Santo, dar conta do impacto das campanhas solidárias do ano passado, que beneficiaram projetos no Haiti, Brasil e Guiné-Bissau, onde as espiritanas estão comprometidas. Depois, a Gabriela Rodrigues partilhou sobre a sua rica experiência de três anos de voluntariado missionário na missão de Itoculo, em Moçambique.
Na manhã de domingo, tomou a palavra o P. Pedro Fernandes, que falou sobre a encíclica Fratelli Tutti do Papa Francisco, que condensa muito da riqueza do pensamento social da Igreja. Nela o Papa Francisco revê, à luz do Evangelho, os grandes desafios e questionamentos do mundo contemporâneo: partindo de uma releitura dos desequilíbrios e défices de humanidade do nosso mundo, Francisco relê a parábola do Bom Samaritano para, a partir dela retirar pistas decisivas para tornar o nosso mundo mais humano, fraterno e justo. Fala-nos da “Boa política” e do “Amor político”, que é a base de uma gestão da vida social em que as pessoas e as relações fraternas estejam no centro e sejam o grande critério. Será o grande desafio social de passar de “sócio” a “próximo”…
A manhã terminou com a Missa Dominical. No final era evidente o sentimento de alegria e gratidão por ter sido possível viver, de forma tão serena e participada, este momento catalizador, tão importante e necessário para a vida e missão, “mais e melhor”, da LIAM.