D. Óscar Braga, Bispo Emérito de Benguela faleceu na passada terça-feira, 26 de maio, vítima de doença. Nascido em Malanje, em 1931, assumiu a diocese de Benguela desde 1975 até 2008. O P. Casimiro Oliveira, espiritano, que trabalhou em missão em Angola, deixa aqui a sua homenagem.
Em memória de D. Óscar Braga
As nossas vidas encontram-se em outubro de 1957. Óscar, de 26 anos, era um jovem agrónomo que, a poucas dezenas de quilómetros de Malanje, trabalhava na Colónia Penal da Damba, de onde regressava à cidade para passar os fins de semana com os pais e um irmão; eu, Casimiro P. Oliveira, de 24 anos, era um jovem sacerdote da Congregação do Espírito Santo acabado de chegar de Portugal e que fora colocado provisoriamente nessa mesma cidade de onde, após cinco meses, partiria para a Lunda-Norte.
Pudemos conversar numerosas vezes.
Óscar era um jovem cheio de vida e de entusiasmo; sempre em movimento; sempre disponível para uma actividade, uma festa e mesmo um par de dança; e ao mesmo tempo também sempre muito educado, muito próximo das pessoas, de fácil relacionamento; irradiava alegria, saúde e boa disposição.
Frequentava a Igreja paroquial de Malanje assiduamente; sentia-se “filho espiritual” dos missionários espiritanos da Paróquia e do Seminário; Deus estava a trabalhar nitidamente a vocação sacerdotal em seu coração.
Nos finais de 1957 foi criada a Diocese de Malanje; e em Fevereiro de 1958 foi sagrado e tomou posse o seu primeiro Bispo, Dom Manuel Nunes Gabriel; com ele o jovem Óscar se abriu e rapidamente foi tomada a decisão de nesse verão rumar a Portugal para, no Seminário dos Olivais, frequentar os estudos de Filosofia e Teologia em ordem ao Sacerdócio.
De regresso a Malanje no verão de 1964, foi ordenado sacerdote a 27 de Julho desse mesmo ano na igreja onde fora baptizado, agora elevada a Sé Catedral.
Nós dois voltamos a encontrar-nos em Malanje nos inícios de 1966. Durante oito anos vivemos na mesma casa, o Paço Episcopal; o Padre Óscar Braga era o secretário particular do Bispo e com o entusiasmo de sempre vivia o seu sacerdócio ensinando Religião e Moral no Liceu e na Escola Técnica, orientando grupos da JEC e da JOC., colaborando na direcção dos Cursos de Cristandade e, de um modo muito intenso, entregando-se de alma e coração aos jovens escuteiros: o Escutismo estava-lhe no sangue. Eu era Vigário Geral, Ecónomo e Administrador da Diocese e prestava também a minha colaboração nos Cursos de Cristandade, na Legião de Maria e durante alguns anos nas aulas de Religião e Moral.
Oito anos de contactos permanentes, em que se cimentou uma grande amizade e conivência. O Padre Óscar foi sempre igual a si mesmo no entusiasmo, na alegria, na convivência, na proximidade com os jovens, no forte empenho que punha em tudo que lhe era confiado e na facilidade de respostas e reacções imediatas.
A 7 de Abril de 1973 faleceu o segundo Bispo da diocese, Dom Pompeu Seabra. Para lhe suceder, foi nomeado Dom Eduardo Muaca, o qual, sabendo que os meus superiores instavam para que regressasse à Europa, escolheu em finais do ano o P. Óscar para no dia de Páscoa de 1974 me suceder como Vigário Geral.
A 20 de Novembro desse ano de 1974, em Roma onde eu então vivia, recebi a muito agradável e não inesperada notícia de que a Santa Sé acabava de o escolher e nomear para ser o segundo bispo da jovem Diocese de Benguela, orfã pela morte inesperada e acidentada a 13.10.1973 do seu Bispo D. Armando Amaral dos Santos A diocese de Benguela datava apenas de 13.06.1970 e não houvera tempo para ser organizada. Essa será a grande missão de D. Óscar.
Vai para Benguela pleno de coragem, entusiasmo, alegria, jovialidade, vontade de ser e estar sempre muito próximo de toda a gente e disposto a gastar-se inteiramente a bem da diocese que lhe era confiada. Foi sagrado bispo em Benguela e para Benguela no dia 2 de Fevereiro de 1975.
Os nossos contactos presenciais ficaram desde então limitados às vindas, pelo menos anuais, de D. Óscar a Portugal; mas a mútua e frequente correspondência trocada e as conversas com numerosas pessoas, especialmente missionárias, possibilitaram que eu pudesse ir seguindo, muito de perto, a actividade pastoral de D. Óscar Foram anos de inteligente e intenso trabalho que o esgotaram; e quando a 1 de Junho de 2008, por limite de idade, passou a direcção da diocese ao seu sucessor, Dom Eugénio dal Corso, podia estar satisfeito e realizado: a Igreja da Diocese de Benguela, bem estruturada, estava plena de vitalidade.

Sem, de modo algum, ter a pretensão de ser exaustivo, saliento algumas das suas principais actividades e iniciativas.
- Desde o início preocupou-se em construir e organizar a obra dos Seminários, em, por todos os meios, fomentar vocações sacerdotais e religiosas e nisso empenhando todas as forças da igreja, em estar sempre presente no acompanhamento dos seminaristas, querendo conhecer mesmo os nomes e vida de seus pais, conversando frequentemente com eles. Em poucos anos enche os seminários; e teve a graça de ordenar mais de trezentos sacerdotes. Para todos eles era um amigo, um pai. Até ao dia de hoje quando frequentemente me encontro com sacerdotes de Benguela a viver em Portugal, lhes ouço dizer: “o meu bispo é Dom Óscar”, embora sabendo bem que há muitos anos é apenas o bispo-emérito. Muito apreço, carinho, profundo reconhecimento de gratidão.
- Criação de dezenas de Paróquias e Missões dando à diocese uma rápida e espantosa cobertura de centros de evangelização.
- Forte apoio aos movimentos e grupos apostólicos, às Congregações especialmente femininas e a todos empenhando na construção da vida eclesial.
- Um carinho especial por todos os organismos e movimentos cristãos de juventude e com relevo para “os seus escuteiros”.
- A Promoção da Mulher Angolana na Igreja Católica, a PROMAICA.
- As Visitas frequentíssimas a todas as regiões da Diocese, para se encontrar com os agentes de evangelização e todo o povo cristão. E a todos estimular.
- A criação de instituições católicas de ensino, principalmente o Instituto Superior Politécnico Católico de Benguela (“ISPOCAB”).
- A valorização das Cerimónias Litúrgicas, cheias de vida e cor.
- A formação intelectual de seus sacerdotes, procurando a obtenção de graus académicos em várias universidades; e a abertura a que, dada a abundância de clero, muitos sacerdotes sejam enviados pela Diocese para apoio em quase todas as Dioceses angolanas e de numerosos países, entre os quais, Portugal.
Muito mais haveria a dizer. Até ao fim de seus dias continuou sempre a fazer o que lhe era possível para atender pessoas, aconselhar e colaborar na pastoral.
Numa homenagem que a 5 de outubro de 2018 lhe foi prestada no Ispocab ele declarou: “aqui em Benguela fiz precisamente o que eu sonhava: poder estar com cada um, ir a toda a parte possível e viver o mais próximo possível das pessoas”.
A sua saúde foi-se deteriorando nos últimos anos; e quase repentinamente chegou ao fim de seus dias. Levado de urgência para o Hospital Geral de Benguela ao começo da noite do passado dia 26 de Maio de 2020 já em avançada paragem cardíaca, terminou a sua vida terrena. Um gigante da Igreja em Benguela. Um apaixonado filho de Angola. A minha muito sincera e merecida homenagem.
Lisboa, 28 de Maio de 2020
Padre Casimiro P. Oliveira
Sim posso testemunhar pois trabalhei a seu lado e no seu Cartório e Secretariado Diocesano de Catequese de Benguela durante 7 anos Algumas vezes lhe ouvi dizer querer ter uma Diocese Eucarística,Mariana e Missionária. Tenho por ele grande admiração. As semanas de abertura do Ano Pastoral de casa Ano era eram uma perfeita e brilhante informação da vida da Diocese. A luz verde que me deu para trabalhar deu_me asas para voar também na minha grande ânsia de evangelizar e servir a Igreja. Deus Pai vós recompense querido Bispo,D.Oscar.
D. Oscar Braga, figura insigne do Episcopado Angolano, Bispo de Benguela. Acessível, cruzei-me pela última vez com Sua Reverendíssima, há alguns anos, no átrio da Procuradoria das Missões do Espírito Santo, à Estrela, Lisboa, na circunstância duma aquisição de publicações espiritanas. Recordamos um convívio, em Lisboa, em que participei, anos 90 do século XX: Um celebração Eucarística sua na Igreja de S. Maria de Belém – Mosteiro de Belém para os participantes, em que o Bispo D. Óscar Braga se incluía como antigo profissional em Angola, especialmente convidado, no ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHEROS-TÉCNICOS AGRÁRIOS com Almoço Convívio num Restaurante na Tapada de MONSANTO, Lisboa, animado por Brinde-Homenagem Discurso de D. Óscar Braga e do scalabitano vice-presidente da actual ORDEM DOS ENGENHEIROS-TÉCNICOS e Canto Livre (MORNAS) do Cabo-Verdeano Eng°. Téc° Agrário e Cantor Dany Silva.
As sucessivas gerações de Antigos Espiritanos no exercício do sacerdócio secular em Portugal e no espelho do que foram os formadores dos candidatos
Espiritanos ao sacerdócio nas Missões “Ad Gentes” é notavelmente patenteado no livro:
. Autores Vários e Edição da Comissão Fabriqueira de S. Pedro, Manteigas (Guarda), Novembro de 2002. Execução Grafica: G. C. – Gráfica de Coimbra, Ld.a. Depósito Legal: 188294/02.
Foto de Capa: PADRE JOSÉ BAILÃO PINHEIRO, Lurdes, em peregrinação ao Congresso Eucarístico de Budapeste, 11 de Junho de 1938.
Nasceu em Torrozeli (Seia – Guarda) em 13 de Dezembro de 1879 e faleceu em S. Pedro de Manteigas a 29 de Novembro de 1952, onde foi a sepultar em 1 de Dezembro de 1952. Entrou em 1896/97 no SEMINÁRIO DA FORMIGA (Ermesinde – Valongo, Porto) da CONGREGAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO, quando criança vivia com o tio Padre Antônio Gomes Pinheiro, em Pera do Moço (perto da Guarda), tio que faleceu Vigário de S. Pedro de Manteigas, com 79 anos de idade, no dia 7 de Março de 1907, o qual era irmão dos Reverendos Padre Tomás de Aquino Gomes Pinheiro, Pároco de Santa Maria de Manteigas durante 50 anos, falecido com 81 anos em 28 de Julho de 1891 e Padre Joaquim Gomes Pinheiro, Capelão da Misericórdia de Manteigas, falecido com 83 anos de idade em 22 de Março de 1900.
O PADRE JOSÉ BAILÃO PINHEIRO, pertenceu à Associação de Antigos Seminaristas do Espírito Santo, que editava, nos anos 30, 40 e 50 do século XX, a Revista (encerrado e confiscado pelo Governo Provisório da I República Portuguesa, em Outubro de 1910) e recebeu em Manteigas o seu antigo condiscípulo na Formiga e Superior Espiritano, então Arcebispo de Angola e Congo, o Missionário do Espírito Santo D. Moisés Alves de Pinho (feirense), restaurador em Portugal, em 1919, da CONGREGAÇÃO DO ESPIRITO SANTO, no regresso do Exilio Político e Diáspora dos ESPIRITANOS portugueses. A fototeca particular do PADRE JOSÉ BAILÃO PINHEIRO regista a presença do mesmo no seio dos confrades/condiscípulos em 1931 e 1940 nas Reuniões de ANTIGOS ALUNOS DO SEMINARIO DA FORMIGA, no Fraião – Braga. Foi ordenado sacerdote, “CONSECRATIO SACERDOTALIS”, em 28 de Outubro de 1906, no Seminário Espiritano de Chevilly, arredores de Paris, (onde está sepultado o fundador BEATO PADRE LIBERMAN), depois de fazer, em 2 de Outubro de 1904, no Noviciado de GRIGNON (Comuna de Orly, periferia de Paris), a sua “CONSECRATIO RELIGIOSA”, e, por fim, em 14 de Julho de 1907, no mesmo SEMINÁRIO DO ESPÍRITO SANTO DE CHEVILLY, Paris, a sua “CONSECRATIO APOSTOLICA” (compromisso para com a sua CONGREGAÇÃO DO ESPIRITO SANTO E DO IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA). No ano lectivo de 1910/11, já no Exílio Político Espiritano Português em França, o PADRE JOSÉ BAILÃO PINHEIRO foi Vice-Director dos 23 Seminaristas portugueses, grupo de 29 exilados, (e demais restantes 173 Seminaristas) do SEMINÁRIO MENOR da Diocese de TARBES E LOURDES, em Saint-Pé, Altos Pirinéus, França, com 25 Professores. Em memória desse Exílio Político Português ESPIRITANO fez erigir, em 1935, na Igreja de S. Pedro de Manteigas – Guarda, um Altar dedicado à SENHORA DE LOURDES e incluiu no Reportório Musical Litúrgico da Festa da SENHORA DA GRAÇA, Manteigas – Guarda, a Canções Religiosas Francesas do tempo do EXILIO POLITICO ESPIRITANO EM FRANÇA (1910-1919).
COMISSÃO DE HONRA:
D. Albino Mamede Cleto – Bispo de Coimbra.
Dr. José Manuel Custódia Biscaia – Presidente da Câmara Municipal de Manteigas.
P. António Tardinha – Pároco de S. Pedro de Manteigas.
P. Francisco Salvado Gralha – Pároco de S.ta Maria de Manteigas.
Dr.a Maria Adelaide Ascensão Fraga – Provedora da Santa Casa da Misericórdia de Manteigas.
Lino Saraiva Trindade – Comissão Fabriqueira de S. Pedro de Manteigas.
José Martins Cleto – Presidente da Junta de Freguesia de S. Pedro de Manteigas.
José Quaresma Domingos – Presidente da Junta de Freguesia de S. Maria de Manteigas.
COMISSÃO EXECUTIVA:
Padre António Cecílio Pereira.
Dr. Germano de Jesus Mamede Cleto.
João Estrela Folques
Maria Eduarda Branco Gaspar
Manuel Carvalho Martins
Livro, por lapso, não registado, no comentário supra, anterior: (Missionário Espiritano).