A boa política está ao serviço da Paz, respeita e promove os direitos humanos – defende o Papa Francisco na habitual Mensagem para o Dia Mundial da Paz.
Condena os vícios da política: a corrupção, o enriquecimento ilegal, a perpetuação no poder, a xenofobia, o racismo, a recusa de cuidar da Terra, a exploração ilimitada dos recursos naturais, o desprezo dos forçados ao exílio, os nacionalismos. Estes vícios retiram toda a credibilidade à democracia e infernizam a vida das pessoas e povos que os políticos deviam, por eleição, amar e servir.
Entre as pedras da violência
Francisco promove a ‘boa’ política que trabalha pelo bem comum e dá esperança de futuro aos jovens. Ela gera paz que, como escreveu Charles Péguy, ‘é como uma flor frágil que procura desabrochar por entre as pedras da violência’. Aos governantes é lançado o desafio da responsabilidade da sua missão: servir o país proteger as pessoas que habitam nele, criando condições para um futuro digno e justo. Diz o Papa: ‘a política pode tornar-se verdadeiramente uma forma eminente de caridade’.
Mas é proibido cruzar os braços e é urgente trabalhar no combate à estratégia do medo e da intimidação. O Papa pede um olhar especial para as vítimas das guerras, sobretudo as crianças em áreas de conflito.
Bem-aventuranças do Político
O papa Francisco cita o Cardeal Van Thuan, vietnamita que conheceu a tortura e a prisão e que, num dos seu escritos, traçou as ‘Bem-aventuranças do Político’:
Bem-aventurado o político que tem uma alta noção e uma profunda consciência do seu papel.
Bem-aventurado o político de cuja pessoa irradia a credibilidade.
Bem-aventurado o político que trabalha para o bem comum e não para os próprios interesses.
Bem-aventurado o político que permanece fielmente coerente.
Bem-aventurado o político que realiza a unidade.
Bem-aventurado o político que está comprometido na realização duma mudança radical.
Bem-aventurado o político que sabe escutar.
Bem-aventurado o político que não tem medo’.
Tudo pela Paz
Cem anos após o fim da I Grande Guerra Mundial e nos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Mensagem convida-nos a escutar S. João XXIII: ‘quando numa pessoa surge a consciência dos próprios direitos, nela nascerá forçosamente a consciência do dever: no titular dos direitos, o dever de reclamar esses direitos, como expressão da sua dignidade; nos demais, o dever de reconhecer e respeitar tais direitos’.
O Papa pede uma Paz a três dimensões: consigo mesmo, com os outros e com a criação. Termina, como sempre, com uma referência a Maria, a Rainha da Paz.