José Frazão Correia, teólogo jesuíta, no Prefácio, diz que P. Radcliffe aplica, neste livro, a imaginação à vida, à qual se diz sim, até na morte (p.16). Reconhece que ‘o olhar que vê melhor é o que vê mais, em largura, extensão, altura e profundidade’ (p.17). Reflectindo sobre a experiência de Cristo, defende o P. Frazão Correia: ‘a santidade de Jesus diz, pois, a sua inteireza, autenticidade e coerência. Jesus, o mais livre, sente e diz o que pensa e faz o que diz’. Completa: ‘Jesus abraça a morte por amor à vida, à verdade e à justiça da sua origem e do seu destino.(…). A arte de viver bem implica a arte de morrer bem.(…). Jesus testemunha como só a vida que se dá permanece’ (p.11).
T. Radcliffe defende o combate proposto pelo P. Adolfo Nicolás, à ‘globalização da superficialidade’(p.23), aliando-se aos poetas que ‘encaram a sua tarefa como um abrir portas e janelas, um deixar entrar o ar fresco e dar as boas vindas a estranhos’ (p.25). Está convencido de que ‘temos uma oportunidade de incendiar os corações dos nossos contemporâneos, se lhes oferecermos uma linguagem mais rica’ (p.27). É urgente a renovação da nossa linguagem religiosa. Para tal, ‘carecemos da ajuda das pessoas criativas, cujos olhos estão abertos’. Conclui este ponto assim: ‘todas as tentativas de lidarmos com as questões fundamentais das nossas vidas – como amar, como ser justo, como ser livre, como enfrentar o sofrimento e a morte – nos ajudam a compreender Cristo, aquele que é o mais humano de todos’ (p.32). ‘A verdadeira obediência – diz o autor – é inteligente, questionadora, sem medo de duvidar e experimentar, na sua demanda de verdade’ (p.43).
‘Viajar’ é o desafio que Radcliffe coloca após a ‘imaginação’. Diz: ‘Seguir o Senhor da vida é uma aventura arriscada, para a qual não há apólices de seguro’ (p.51). Defende mais adiante que ‘o cristianismo é atrativo, porque nos convida a ser ousados e a entregar incondicionalmente as nossas vidas. É a porta aberta para o infinito’ (p.57). Mas a história mostra os receios da Igreja, pois ‘temeu os profetas e os inconformados, temeu os que fazem perguntas difíceis e agitam novas ideias’ (p.66).
Cristo usou parábolas. Estas ‘abrem uma janela no estreito barracão da nossa imaginação e convidam-nos a sair para o ar fresco de Deus’ (p.107). A parábola do filho pródigo mostra que ‘se alguém é verdadeiramente maduro, não receia dar o primeiro passo em direcção ao outro, no afecto ou na reconciliação’ (p.120).
‘Ensinar’ é o 3º desafio do livro, pois ‘diante do fundamentalismo estúpido e da sua inevitável violência, a melhor resposta é pensar’ (p.151), pois – ‘precisamos de lugares onde as pessoas possam respirar o oxigénio do debate’ (p.153). É verdade que ‘uma casa que não tolera o desacordo e não admite questões está morta’ (p.206). ‘O cristianismo compraz-se na diferença. Está no seu ADN. A diferença é fecunda’ (p.230).
É preciso ‘purificar o nosso ser das bolsas de violência que fervem dentro de nós(…) pois vivemos numa cultura saturada de agressão’ (p.184). Alerta: ‘o medo vende armas, e por isso o lóbi das armas faz tudo para que nunca nos sintamos em segurança’ (p.189).
O último desafio é ‘a vida ressurgida’, ‘a plenitude da vida que começa já agora’ (p.250). Há futuro porque ‘uma onda cada vez maior de pessoas de todas as culturas querem viver de uma forma sustentável’ (p.311).
Paulus Editora