O documentário Cidade da Alegria, revela a força das mulheres congolesas e mostra a barbaridade humana, que em última análise, espelha uma ambição desmedida, sem ética.
As empresas internacionais tiram de África, através de traficantes, diamantes, cobalto, ouro e outros minerais. Juntamente com os minerais levam o sangue de milhares de famílias destruídas, de aldeias inteiras liquidadas, pessoas expulsas de suas terras, de milhares de meninas, adolescentes e mulheres violentadas sexualmente como forma de destruição em massa das suas localidades. As grandes máfias da extração de minérios utilizam a violação sexual como arma principal para destruir as localidades de onde, com a autorização das máfias do governo, extraem os minerais que levam praticamente de forma gratuita. Paramilitares invadem as localidades, queimam as casas, disparam, violam e deixam os sobreviventes feridos, física e emocionalmente.
Um dia, um médico de uma região, ficou abismado com a quantidade de mulheres que chegavam mutiladas genitalmente. Depois percebeu que era estratégia de guerra para destruir o tecido social das localidades e deserfica-las a fim de facilitar a exploração dos minerais.
O doutor Mukwege realizou cirurgias vaginais reconstrutivas em mais de 40 mil meninas, adolescentes e mulheres que chegaram ao hospital depois de serem atacadas pelas milícias que destruíam suas localidades.
E nasce City of Joy, ou Cidade da Alegria, um centro de reabilitação, onde mulheres ajudam mulheres, onde se cura para curar. O doutor Mukwege (Nobel da Paz 2018), Christine Schuler Deschryver, que é ativista e defensora de Direitos Humanos e Eve Ensler (criadora dos Monólogos da vagina) decidem fundar o centro ao qual ingressam as meninas, adolescentes e mulheres que foram vítimas de violência sexual; ficam aí durante 6 meses e recebem ajuda de psicólogas, assistentes sociais e outras mulheres que sobreviveram à violência sexual dessas milícias exploradoras de minerais que se espalham pelo mundo das tecnologias.
Seis meses em que as abraçam, têm a oportunidade de falar, dar seu testemunho, de se reconstruirem, de saber que não estão sozinhas, de conhecer o que outras passaram, de se deixaram curar.
São mulheres reabilitando mulheres, num itinerário em que o amor, a solidariedade e a dignidade são chave…