Todos temos uma consciência, e que muitas vezes apelamos para ela como que fosse o centro mais importante para as nossas atitudes e comportamentos. E é verdade. É na consciência humana que está o saber actuar com rectidão ou com maldade.
O Papa Francisco diz-nos abertamente que não nos adianta nada esconder ou anestesiar a nossa consciência com o intuito de fugirmos à verdade. “Perante os «remorsos da consciência, alguns procuram eliminá-los, escondê-los e até anestesiá-los, cobrindo-os com outras culpas. Mas para sarar as chagas do coração e da alma é preciso revelar a verdade e ter a sabedoria de se acusar a si mesmo”.
Quantas vezes carregamos os remorsos de consciência, pelo facto de, não termos feito o bem e não termos tido a coragem para actuar em coerência! Salienta o Papa Francisco: “Ele não é um simples recordar, mas é uma chaga! Uma ferida que nos fere quando agimos mal. Mas esta chaga está oculta, não se vê; nem sequer eu a vejo, porque me habituo a levá-la comigo e depois anestesia-se. Está dentro de nós e quando dói, sentimos o remorso. Nesse momento não só estou consciente de ter agido mal, mas sinto: sinto-o no coração, no corpo, na alma, na vida. É esse o instante em que temos a tentação de cobrir a dor para deixar de a sentir”.
Na verdade, não nos adianta muito andar a esconder a verdade das coisas. Como o nosso povo diz: mais tarde ou mais cedo, a verdade vem sempre ao de cima; ou doutra forma, a mentira tem perna curta e a incoerência rapidamente se desfaz. Acima de tudo temos de ter a sabedoria para reconhecer e aceitar o nosso erro, para depois aplicar-lhe uma terapia adequada a fim de sermos curados interiormente. Esconder e anestesiar sem fazer nada, é mero engano a nós próprios.
Portanto, o Papa convidou a pedir ao Senhor a graça “de ter a coragem de nos acusarmos a nós mesmos e de dizer a verdade sobre a nossa vida; dizê-lo a nós mesmos e depois ao Senhor, para que nos perdoe. Devemos ser concretos, assim se elimina a ferida, assim se sara a chaga, assim o remorso da consciência fica curado e desaparece”.
Se dizemos que a consciência é o que demais sagrado existe em nós, é fundamental exercitá-la com clarividência e com verdade.
Até nos nossos grupos missionários, precisamos de pessoas de recta consciência para que as coisas sejam transparentes, claras e objectivas sem grandes rodeios e argumentos e com total coerência de vida.
P. Nuno Rodrigues