Estamos habituados, durante o mês de junho, a celebrar os ditos santos populares. Começamos por Santo António de Lisboa, São João do Porto e Braga e São Pedro um pouco de todos. Porque lhe chamam populares? Porque são do povo. E aos quais estão associadas muitas tradições como as marchas populares, as sardinhadas e afins. Claro está que, para muita gente, estes ditos santos populares são importantes pois são ocasião de festa, de comes e bebes e de paródia. O que não é mal. O mal está quando não conseguimos enxergar o que é um santo e o que ele serve para nós. Que inspiração eles nos podem trazer. Não tenho nada contra a festa dos santos, mas tenho tudo contra o aproveitamento pagão e apenas social que se fazem em honra destes santos em imensas paróquias por esse Portugal. E que, em dita honra destes, se gastem balúrdios e rios de dinheiro em mundanidades tais como artistas, músicos e quejandos. Um autêntico queimar e derreter dinheiro em foguetes e fogo de artifício.
Vamos ao essencial e à lição que quero tirar de tudo isto. Celebrar um santo é acima de tudo deixarmo-nos inspirar pelo seu exemplo de santidade e de vida. E aqui todos precisamos de ter modelos inspiradores de valores e de atitudes profundamente cristãs. Disso são o exemplo dos santos no calendário litúrgico da nossa Igreja.
Não é por acaso que o nosso Papa Francisco já escreveu uma exortação apostólica sobre a Alegria da Santidade, um verdadeiro apelo, não só honrar os santos dos altares, mas acima de tudo propor-nos um modelo cristão de felicidade como alternativa ao consumismo, à pressa e à indiferença face ao outro.
Diz-nos o Papa: “O Senhor quer-nos santos e espera que não nos resignemos com uma vida medíocre, superficial e indecisa. Muitas vezes somos tentados a pensar que a santidade esteja reservada apenas àqueles que têm possibilidade de se afastar das ocupações comuns, para dedicar muito tempo à oração. Não é assim. Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra (…) Estás casado? Sê santo, amando e cuidando do teu marido ou da tua esposa, como Cristo fez com a Igreja. És um trabalhador? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho ao serviço dos irmãos. És progenitor, avó ou avô? Sê santo, ensinando com paciência as crianças a seguirem Jesus. Estás investido em autoridade? Sê santo, lutando pelo bem comum e renunciando aos teus interesses pessoais”.
Esta é a única maneira de nos fazermos santos e felizes. Tenhamos essa coragem e ousadia.