Provenientes especialmente da Síria, Afeganistão e Somália (mas não só), os refugiados representam no mundo de hoje cerca de 65 milhões de pessoas – seis vezes a população portuguesa. Estas pessoas foram obrigadas a retirarem-se da sua terra ou do seu país; muitas delas em condições indescritíveis. Condições que não escapam a qualquer cidadão atento; seja ele quem for e esteja ele onde estiver.
Para que um cidadão passe a ter o estatuto de “refugiado” é necessário que se encontrem reunidas um conjunto de circunstâncias devidamente tipificadas. Mas, para além da observância destes elementos objetivos, é igualmente importante despertarmos para as situações em que realmente vivem estas pessoas, sem menosprezar, no entanto, o papel das entidades, organizações, instituições e até de países comprometidos no acolhimento, no restabelecimento e possíveis repatriamentos em condições dignas e seguras.
Em 20 de Junho, em Genebra, Filippo Grandi Alto-comissário da ONU para os refugiados, alertava que “No mar, um número assustador de refugiados e migrantes estão a morrer a cada ano. Em terra, as pessoas que fogem de guerras encontram seu caminho bloqueado por fronteiras fechadas”. Falava, no fundo, de pessoas que deixaram tudo que tinham na vida, pessoas e coisas, e seguiram uma viagem sem rumo, nem destino. São pessoas que a vida lançou na berma da estrada; estrada onde ficam sem nada esperar.
O fechar das portas e das fronteiras a estas pessoas, tal como mencionava Barack Obama no seu discurso de 20 de Setembro 2016, na Cimeira dos Líderes sobre os Refugiados em Nova Iorque, questiona-nos sobre os valores mais profundos da humanidade. O presidente Norte-americano quis convidar o mundo através desta cimeira a: 1. Aumentar o financiamento aos apelos humanitários e organizações internacionais, 2. Admitir mais refugiados através da reinstalação ou outras vias legais, e 3. Aumentar a autonomia e inclusão dos refugiados através de oportunidades de educação e trabalho legal.
A responsabilidade é de todos. Os governos, as Igrejas, os ONGs os profissionais e os individuais. Na europa, Portugal é um dos países que tem levado a peito o apelo. Mas o que se tem feito não é suficiente perante tamanha crise. Pois os países que têm suportado mais o peso desta desumanidade não são os grandes de Europa ou América mas sim, os países como Turquia, Paquistão e Etiópia entre outros.
Por isso, deixemos de contar os refugiados como números e comecemos a pensar no que se pode fazer para prevenir a vinda de mais refugiados através, por exemplo, das políticas que visem o melhoramento da vida nos respetivos países de origem, bem como através de uma melhoria significativa dos apoios prestados. A crise não é só dos que se viram obrigados a fugir da sua terra, mas também de quem os recebe – é uma crise global.
P. Simon Ayogu