Foi no Dia Mundial da Missões de 1979, há 40 anos, que foi para o ar, na RTP, o primeiro programa «70×7». O P. António Rego foi um dos fundadores do programa, juntamente com o colega Manuel Vilas Boas. Em entrevista à Agência Ecclesia, conta como tudo começou:
«Nós andávamos à procura da expressão da Igreja na praça pública. E a praça mais publica que havia era a televisão. Por isso, houve um esforço de tomarmos a linguagem do Evangelho e da Igreja para a colocarmos nesse local teoricamente profano e, da fusão desse encontro, fazer uma comunicação evangélica. Isso não se fazia sem as pessoas, sem os lugares, sem as celebrações, sem as ações da vida da Igreja e do mundo. E da relação da Igreja com o mundo.
Talvez de uma forma não muito organizada, foi isso que procuramos ativamente, com o apoio da hierarquia, porque era um programa oficial da Igreja Católica (não posso deixar de lembrar D. António Marcelino pelo grande apoio que nos deu). E a outra parte era a loucura da nossa juventude apostólica, que achava que não havia meio que não tivesse obrigação de falar do Evangelho.
«Nós demos a cara, as mãos e os braços para percorrermos este país e um bocado do mundo para dizermos que a Igreja não está fechada nem no ermitério nem o cemitério, mas viva na cidade…
70×7 inaugurou uma nova forma de fazer televisão, fora do estúdio?
A experiência que nos deu D. António Marcelino, na sua linguagem próxima, é para nós um estímulo. Indiretamente, é nele que o programa está inspirado. O passo seguinte que demos foi ir para a rua, ouvir a Igreja na rua, os cristãos na ação e surpreende-los mais a fazer do que a dizer. Isso foi uma certa originalidade, que não foi por inspiração especial, mas porque as circunstâncias, as pessoas, a comunidades, a variedade de ações e intervenções, os vários grupos na Igreja, as crianças, jovens, adultos, padres leigos, leigos, bispos (nós nunca expurgamos os bispos do 70×7), tudo fazia com que esta palavra “Ecclesia”, Igreja, pudesse caber dentro deste projeto de a revelar.
E com que linguagem televisiva o foram fazendo?
Esse foi o nosso problema, a nossa procura constante! Isto é: tínhamos coisas bonitas para dizer, mas não basta isso em televisão. É preciso transmitir de forma que as pessoas entendem, adiram sensorialmente, que as pessoas sintam o programa. Sem sentirem o programa, não chegam a ouvi-lo. Em cada domingo, numa hora discreta, onde as pessoas estavam em casa ou pelos cafés, apercebemo-nos que havia muita gente que achava que estava dentro desses espaço. E penso que é o espírito que hoje continua e presta um excelente serviço à Igreja.»