P. Raul Viana, Superior dos Espiritanos em Moçambique (2010-2016), em Missão Espiritana 27
Para mim a vida missionária do P. Zé Manel ficou marcada pela sua capacidade de liderança e criatividade. Dentro daquele espírito evangelizador de procurar novos meios e métodos, ele sempre nos surpreendia com novas iniciativas simples e desafiantes. Recordo os objetos e símbolos de animação pastoral que fazia para marcar cada momento, bem como as caminhadas e peregrinações que promoveu. Entre outras, foram iniciativas que nos lançaram para além do mundo da reflexão e do pensamento abstrato, para nos introduzir num mundo mais espiritual, onde os sentimentos também são tidos em conta, os afetos e a piedade popular têm lugar.
O seu sentido prático da vida, solidamente suportado por uma boa teoria, estava bastante presente no seu dia-a-dia. Cada situação que aparecia era merecedora de toda a atenção. Como líder e animador, recordo apenas enquanto Formador, Provincial e Conselheiro Geral, soube exercer bem esse dom que Deus lhe deu. Se, por um lado, despendeu muito tempo e energia a juntar as pontas para unir e fazer comunhão, por outro, nunca deixou de cuidar e dedicar a sua vida a encontrar novas formas de animação, buscando outros caminhos que convidavam a olhar para a frente. Sempre o considerei como homem aberto ao futuro e de plena confiança em Deus.
A minha relação com ele sempre foi no plano de animação missionária-vocacional e administrativa. Primeiramente em Portugal no Conselho Provincial e depois em Moçambique. Num e noutro lado, nunca faltaram situações que exigiram um trato delicado e eficaz. Em todas elas o seu parecer era feito com verdadeiro sentido de fé e sentimento humano.
O seu amor pela Missão era muito evidente. Moçambique é um sinal claro disso mesmo. Hoje sentimos muito as consequências da sua partida. O seu carinho e dedicação pelas situações missionárias mais pobres e vulneráveis preenchiam o seu coração que tudo fazia para dar a sua contribuição. Em tudo o que dele dependia para nos animar e ajudar, nunca deixou de o fazer, e disso sou testemunha.
Pessoalmente, estou muito grato ao Pe. Zé Manel pela forma sábia e confiante como viveu e animou a missão que lhe foi confiada. Isso mesmo aprendi com ele e guardo comigo, tentando seguir os seus passos como forma de assimilar a sua partida rápida e inesperada. Ao mesmo tempo, rezo e faço minha a sua prece preferida de «muitas e santas vocações missionárias».