Peregrinação a Fátima da Família Espiritana
“Um nós cada vez maior” é o lema da edição de 2022 da nossa Peregrinação a Fátima, nos dias 2 e 3 de julho de 2022.
Homilia de D. António Marto
Fotos pelo Ir. Manuel do Carmo
Inspirado no Dia Mundial do Migrante e do Refugiado de 2021, “Um nós cada vez maior” foi o lema escolhido para a 42ª Peregrinação a Fátima da família espiritana que se realizou nos dias 2 e 3 de julho. Agora sem restrições, a peregrinação, que se realiza anualmente no primeiro fim de semana de julho voltou ao modelo habitual.
Para os Jovens Sem Fronteiras, as atividades começaram logo no sábado de manhã, com um torneio de futebol e convívio, e encontros de preparação para as atividades de voluntariado missionário deste verão. A meio da tarde, toda a família missionária se reuniu junto da capelinha das aparições para a habitual saudação a Nossa Senhora, seguida de uma caminhada para a basílica da Santíssima Trindade para a celebração da Missa, presidida pelo P. Pedro Fernandes, provincial dos espiritanos, e animada pelos diversos movimentos da família espiritana. À noite, depois do terço e procissão de velas, teve lugar, na basílica de Nossa Senhora do Rosário uma vigília de oração vocacional.
O Domingo começou bem cedo, com a Via Sacra nos Valinhos. E foram muitos os que se levantaram cedo para participar. A manhã foi vivida no recinto de oração do santuário, em comunhão com muitos outros peregrinos, para a recitação do terço e a Missa Dominical.
Este ano, o convidado da família espiritana para presidir à peregrinação foi o cardeal D. António Marto, bispo emérito de Leiria-Fátima. Na sua homilia, recordou os presentes que Jesus não quer realizar a sua missão sozinho. Envolve os seus discípulos: “os da primeira hora e os desta hora, que somos nós”. Toda a Igreja é chamada a sair para levar a todos a alegria do Evangelho, e o Senhor deixa-nos indicações precisas:
Ide!
“Nós, na Igreja, temos a tentação de dizer só: Vinde! Vinde, nós abrimos as portas da igreja. Mas, o Papa Francisco disse uma vez que Jesus está a bater às portas das igrejas da parte de dentro, como quem diz, deixai-me sair! Deixai-me ir convosco par ao mundo. Quer dizer isto que o Senhor quer uma Igreja em saída… da sua zona de conforto, uma Igreja que não está centrada em si mesma, fechada nos seus recintos, ocupada em conversas e discussões por vezes estéreis e inúteis, como é por vez andar aí a criar confusão e discussão sobre se a Missa há-de ser em latim ou em português, se a comunhão há-de ser recebida na mão ou na boca, como se não houvesse problemas mais importantes para dar a conhecer o Evangelho. Uma Igreja em saída é uma Igreja que é capaz de olhar mais para além das suas fronteiras, para ir ao encontro das periferias, periferias existenciais e periferias sociais, daqueles que andam afastados e aos lugares onde há mais sofrimento e mais pobreza material ou espiritual”. E esse encontro deve acontecer ao jeito de Jesus: com proximidade, compaixão e ternura.
Em amor fraterno!
O envio “dois a dois não era só para se apoiarem um ao outro, mas para dar testemunho da comunhão fraterna, para formar comunidades fraternas, hoje tão necessárias face ao individualismo e indiferença reinantes”. D. António alertou que “o fenómeno da globalização, que, através da globalização das redes de comunicação nos torna mais próximos uns dos outros, encurta as distâncias, mas não nos faz irmãos!.. A fraternidade não se vende nem se compra, nem se produz em qualquer fábrica. Vem do coração, é dom de Deus.” Nas nossas paróquias, movimentos, famílias… precisamos deste testemunho de fraternidade cristã, pois “nisto conhecerão que sois meus discípulos”.
Na humildade e desprendimento
“Não leveis bolsa nem alforge, nem sandálias. Quer dizer, uma Igreja humilde, desprendida, livre em relação aos poderes económicos ou políticos do mundo. Uma Igreja que caminha a passo ligeiro, que não adia nem acumula atrasos face aos desafios de hoje. Que não se demora nos recintos sagrados, mas se deixa animar pela paixão do anúncio do Evangelho e pelo desejo de o fazer chegar a todos”.
Na alegria e na paz
Por fim, D. António sublinhou a alegria dos discípulos ao voltarem a Jesus, pelo bem que semearam. “Uma Igreja alegre é uma Igreja com rosto de mãe, que acolhe, que escuta, acompanha, acarinha como uma mãe acarinha os seus filhos ao colo. Encoraja a viver a vida boa do Evangelho.” E alertou: “Que dirão os não crentes se virem em nós uma cara de tristeza e de amargura? Certamente dirão, se a fé não dá alegria é melhor não ter fé! Dai testemunho da alegria do Evangelho!” E, com este testemunho, os discípulos levam também a paz à casa dos homens, “aquela paz que é dom de Deus, que abate os muros do ódio, da divisão, da violência, uma paz que estende pontes de encontro e diálogo, numa atitude fraterna de respeito total, sem agressividade e sem ofensas”.
“A missão que o Senhor nos confia não é uma máquina que faz cristãos, nem é o proselitismo de quem anda a recrutar adeptos para um clube religioso – concluiu – é este testemunho convicto e alegre da nossa fé, que dá alegria e sentido à nossa vida.”
A peregrinação terminou durante a tarde, com uma sessão missionária no Centro Paulo VI, cheia de música, testemunho missionário e muita alegria. D. António Marto acolheu a família espiritana que foi a Fátima para “reacender a chama do carisma missionário próprio da sua congregação”. Assim tenha sido!
Programa
Sábado, 2 de julho
17:30 Saudação a Nossa Senhora, na Capelinha das Aparições
18:15 Missa, na Basílica da Santíssima Trindade
21:30 Terço e Procissão de Velas, no Recinto
23:00 Vigília, na Basílica Nossa Senhora do Rosário
Domingo, 3 de julho
07:00 Via-sacra, aos Valinhos
10:00 Rosário, na Capelinha das Aparições
11:00 Missa, no Recinto, presidida por D. António Marto
14:30 Sessão Missionária, no Centro Paulo VI