O P. Veríssimo Manuel Teles, filho de João Teles e de Perpétua da Conceição Pinto, nasceu em Romeu, concelho de Mirandela e diocese de Bragança, a 3 de janeiro de 1942. Seu pai era “guarda florestal” e sua mãe, doméstica. Pelo bom ambiente familiar e pelas palavras do P. Francisco Lopes, que visitou a sua escola, despoletou nele o interesse da entrada no seminário: “para ser como aquele homem e falar de Jesus”.
Mas do ponto de visto económico, “não podia ser, não podia ir para o seminário” porque era muito custoso; tinha cinco irmãos e o ordenado do pai não dava para tudo.
Entretanto, o menino Veríssimo Teles terminou o exame da 4.ª classe e foi, pessoalmente, falar com o seu pároco, o P. José Calado, e tudo ficou resolvido: afinal era possível ir para o seminário.
No ano seguinte, a 1 de outubro de 1953, deixou a casa dos pais e entrou no seminário de Godim. Assim iniciou a sua formação nos seminários da Congregação do Espírito Santo rumo à missão.
A 2 de fevereiro de 1959, no Fraião, fez a sua Acta de Oblação, tomando por protetor São Luís Gonzaga. No ano académico 1960-1961, fez o Noviciado, na Torre d’Aguilha, e a sua Profissão Religiosa a 8 de setembro de 1961. Na mesma casa de formação – Seminário da Torre d’Aguilha – prosseguiu os estudos de Filosofia e Teologia e foi ordenado sacerdote no Santuário de Fátima, a 9 de outubro de 1966. Tinha 24 anos.
A 2 de julho de 1967, na Torre d’Aguilha, faz a Consagração ao Apostolado e é nomeado para Cabo Verde. No mesmo ano, parte para a ilha de Santiago. Esta foi a sua primeira missão; embora tenha ficado apenas 5 anos em Cabo Verde (1967-1972), marcou-o profundamente.
Em 1972, regressa para o serviço da Província de Portugal. Foi professor e diretor no seminário da Silva-Barcelos, ajudando a formar futuros missionários espiritanos.
Em 1976, é nomeado animador missionário a partir da comunidade de Coimbra. Três anos mais tarde, é nomeado primeiro assistente do superior provincial dos espiritanos e passa a residir em Lisboa, onde trabalha na animação missionária e onde será também o diretor da revista espiritana Encontro.
Em 1985, volta a Coimbra para a pastoral vocacional e para ecónomo da comunidade.
Em 1988, é nomeado para equipa formativa do Seminário da Silva-Barcelos, onde continua o seu trabalho na pastoral vocacional espiritana. Enquanto animador vocacional, percorreu o país de lés a lés e as ilhas, para falar de Deus e convidar as gentes de boa vontade, a entrar na onda cristã da resposta, da partilha, do serviço e da doação aos irmãos que mais precisam.
Em 1990, é nomeado para o Porto, onde prossegue o seu compromisso na pastoral vocacional e integra a equipa de formação dos estudantes do 2º Ciclo, isto é, dos confrades espiritanos em Teologia.
Em 1994, é transferido para Lisboa para assumir o cargo de secretário provincial dos espiritanos em Portugal e dá uma colaboração na pastoral junto da comunidade africana, especialmente dos caboverdianos.
Em 1996, é nomeado diretor do CEPAC – Centro Padre Alves Correia – obra de apoio aos imigrantes que funciona no edifício da casa provincial dos espiritanos em Lisboa.
Em 1997, depois de muito trabalho pastoral junto da comunidade caboverdiana, o Patriarcado de Lisboa criou a “Capelania dos Caboverdianos” que depois se tornou a “Capelania dos Africanos”; o P. Teles aceitou o desafio de ser “Capelão dos Africanos” e, em 2003, vemo-lo a percorrer os caminhos da Cova da Moura, da Pedreira dos Húngaros, do Bairro 6 de Maio, nas periferias de Lisboa, onde ia visitar gente de outros continentes, para quem celebrava a Eucaristia, o casamento, batizava os filhos e era recebido como “pai espiritual”.
Em 2005, é nomeado pároco da povoação da Abóboda (concelho de Cascais), que tem como padroeira Nossa Senhora da Conceição. Dedica-se, de alma e coração, à construção da comunidade e à edificação de uma estrutura socio-paroquial.
Em 2013, deixa a responsabilidade de pároco e continua na comunidade da Torre d’Aguilha. Por sugestão de alguns confrades e amigos, reúne num volume, a que deu o nome “A Palavra”, os seus artigos publicados na revista Encontro e no jornal Ação Missionária. O livro é publicado em 2015, ano em que, porque a saúde o exigia, passou a residir no seminário de Fraião-Braga, como utente do Lar Anima Una.
A saúde do P. Veríssimo Teles estava frágil nos últimos anos. E no sábado, dia 23 de novembro à noite, vigília de Cristo Rei, o Senhor do Universo chamou-o a Si. Rezamos para que o Senhor da Glória receba o seu fiel servidor no Seu Reino de Paz e de Amor.