O P. João Serra de Araújo, filho de Francisco Gomes de Araújo e de Rosa da Costa Serra, nasceu a 4 de fevereiro de 1935, em Tadim, diocese de Braga. Entrou para o seminário de Godim-Régua, em outubro de 1950. Aluno intelectualmente muito completo, diligente no trabalho, prestável, com iniciativa e boa camaradagem, seguiu a sua formação nos seminários espiritanos. Em 1957, fez o Noviciado no seminário da Silva e a sua Profissão Religiosa, a 8 de setembro de 1958. Terminou os estudos de Filosofia e Teologia, no seminário da Torre d’Aguilha, onde foi ordenado presbítero, a 3 de novembro de 1963.
Após a Consagração ao Apostolado, a 5 de julho de 1964, é enviado para a diocese de Nova Lisboa (Huambo) Angola. Durante 4 anos (1964-1968), exerceu a docência, no Colégio do Espírito Santo, em Nova Lisboa e no seminário do Quipeio.
Devido à guerra colonial, em 1968, é obrigado a regressar a Lisboa para se alistar como capelão militar. Depois de algum tempo na Academia Militar Gomes Freire, é graduado em Alferes e, em 1969, parte para Angola e foi colocado no campo militar de Grafanil-Luanda; posteriormente é mudado para o Bié, onde permanece 9 meses.
Em julho 1971, regressa a Portugal e é colocado na Escola Militar de Electromecânica de Paço d’Arcos. A 30 de setembro de 1971, quando estava a terminar o seu serviço de capelão, recebeu, por despacho do seu general comandante, um “louvor militar” que diz:
“Oficial inteligente, culto, estudioso, estendeu o seu apostolado aos mais variados campos, tendo habituado todos os que o rodeavam a vê-lo ensinando doutrina às crianças, promovendo a aquisição de livros para instrução ou continuação dos estudos secundários (…) cooperando na construção de uma capela e outros locais para o culto, passando fitas, e “slides” para recreio do pessoal, organizando festas de aniversários e demais atividades recreativas em prol do bem-estar espiritual do Batalhão. O Padre Serra, com os seus atos de abnegação, de desinteresse e sacrifício, conquistou a amizade, o respeito e a admiração de todos os seus Chefes, camaradas e subordinados, tendo contribuído substancialmente para a eleição do nível moral, espiritual e de instrução do pessoal, sendo um precioso e inestimável colaborador do Comando, pelo que os serviços por si prestados, bem merecem ser considerados de elevado mérito”.
Terminado o seu serviço de capelão militar, em 1972, regressa a Angola e é colocado na missão Cachingues, onde trabalha com outros confrades e com as Irmãs espiritanas.
Em agosto de 1975, devido à situação de insegurança gerada independência de Angola, é obrigado a deixar a missão e, com os confrades e as Irmãs, dirige-se para a fronteira com a Namíbia; viaja para Johanesburgo e, desde a África do Sul, para o Brasil.
Chegou ao Rio de Janeiro, em setembro de 1975 e, depois de um breve tempo de adaptação, começa um trabalho pastoral que levará à criação da paróquia de Santo António, em Jales. Uma paróquia que, em 1983, com a igreja e a casa paroquial recém-construídas, entrega aos confrades P. José Lopes de Sousa e P. Manuel Nunes, enquanto ele, com o P. Domingos Matos Vitorino, vai trabalhar nas paróquias de Palmeira e Aparecida do Oeste.
Em 1985, é nomeado para Santa Fé do Sul, onde passa a viver em comunidade espiritana com o P. Luís de Oliveira Martins.
Em 1988, é nomeado Superior do Distrito Espiritano Brasil-Sudeste e, em 1989, continuando como Superior, vai para a paróquia de Nossa Senhora das Graças, em Mesquita, e mais tarde para a paróquia de Queimados, onde fica 8 anos. Terminado o seu mandato como Superior, em 1994, assume o cargo de ecónomo do Distrito Espiritano.
Em 2007, presta serviço, durante um ano, na paróquia de Contagem (diocese de Minas Gerais) e, em 2008, volta para a diocese Nova Iguaçú, Rio de Janeiro, para servir nas paróquias de Nossa Senhora do Amparo, em Maricá, e de Nossa Senhora da Conceição, em Queimados.
No verão de 2022, vem a Portugal e os cuidados de saúde impedem-no de voltar à missão no Brasil. É nomeado para Braga, onde ficou sob os cuidados do Lar Anima Una.
O Senhor da Messe chamou-o a si na madrugada do dia 21 de março de 2025. O P. João Serra tinha 90 anos de idade e 67 de vida religiosa espiritana. Dedicou 11 anos à missão em Angola e 47 anos no Brasil.
Rezamos para que o Senhor da Messe receba o seu fiel servidor na alegria do seu Reino.
Louvado seja N. S. Jesus Cristo,
para sempres seja louvado e sua Mãe Maria santíssima.