“O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis” (Fernando Pessoa)
Há pouco mais de um mês recebi do Pe. António Jansen o seguinte prognóstico:
“Última fase de vida”. E o dia chegou, a 31 de maio de 2020, dia de Pentecostes, o Pe. António Jansen morre e parte para o pai. Um homem de Deus que marcou muitas vidas, principalmente na amazónia.
O Pe. António Maria Jansen nasceu no dia 7 de Fevereiro de 1933, na Holanda. É o quinto filho do casal Bartolomeu Jansen e Elizabeth Vermetten. É em contexto familiar e na comunidade cristã, onde participava como acólito, que recebe a educação e valores cristãos.
Com 13 anos de idade entra no seminário menor da Congregação do Espírito Santo, em Weert. Ali estudavam os meninos que desejavam ser missionários, mas que as famílias não tinham recursos necessários para suportar os custos de formação. Ao longo da formação identifica-se com o carisma dos Missionários do Espírito Santo: “Jesus te confiou a Boa Nova. Tu a gravarás profundamente no teu coração e a anunciarás no mundo inteiro” (Franscisco Libermann). É ordenado sacerdote a 21 de setembro de 1958.
No ano seguinte é nomeado para a Prelazia de Tefé, Amazonas, Brasil. Depois de uns meses em formação Linguística e Pastoral, em São Paulo – Brasil, inicia o seu trabalho, em 1960, na Paróquia de Fonte Boa. Aí começa com todo o ardor missionário a sua experiência missionária, investindo muito na aprendizagem da língua, costumes e religiosidade popular. Sente-se profundamente marcado com a pobreza, falta de assistência médica e na precariedade do ensino escolar.
Terá ao seu cuidado, ao longo dos anos várias paróquias: em 1965, a paróquia de São Raimundo Nonato, em Manaus, capital do estado do Amazonas; depois em 1975, é transferido, para a cidade de Tefé, para o cuidado pastoral da Paróquia de Santa Teresa; em 1987, foi trabalhar para a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Carauari, Prelazia de Tefé. O Padre António Jansen investia muito na organização pastoral, na formação de lideranças, na catequese, na formação dos jovens, na Pastoral Familiar, na caridade e atenção aos mais pobres e necessitados, não esquecendo o trabalho junto de professores e alunos das escolas. Tinha fama de bom orador e pregador. Conquistava facilmente a amizade e carinho do povo.
Espiritanos em missão na Amazónia, reunidos na Missão do Tefé, 2007
Em 2000, regressa a Tefé, para um 3º mandato como Superior do Distrito da Amazónia dos Missionários do Espírito Santo e integrando, ao mesmo tempo, a equipa de pastoral da Prelazia de Tefé. Incentivou e procurou apoiar novas apostas pastorais: criação da Escola de Teologia para leigos e da Pastoral do Menor. Os apoios financeiros que conseguia eram investidos na formação, na solidariedade e construção ou reforma de Igrejas.
O seu testemunho marcou profundamente esta região e muitas gerações. As últimas palavras trocadas entre nós são sinal disso: “agradeço por todo o carinho e amizade e conto com o apoio de suas orações para poder me entregar totalmente, com muita gratidão pela vida que Deus me deu. Espero ter usado os meus poucos talentos de maneira certa no anúncio do Reino, em cuja plenitude espero viver para sempre em breve. Com isto me sinto em paz. Grande abraço. António Jansen”.
Um espiritano que partiu em dia de Pentecostes. Feliz este dia!
Ó Maria rainha das missões, dai-nos muitos e santos missionários!
Tive o enorme prazer de conhecer ao Padre Janssen em tefé, há já algumas décadas. deixou em mim uma profunda impressáo, como tambem aconteceu com os outros integrantes da Missao espiritana. Sem dúvida que a semente que esse grande homem plantou na Comunidade tera dado abundante fruto.