O XXI Capítulo Geral dos Espiritanos foi mais uma vítima da covid 19! Deveria ter acontecido na Polónia em junho de 2020. Foi sucessivamente adiado para o fim do ano e, mais tarde, para meados de 2021. Com a pandemia a não dar tréguas, o Conselho Geral mudou de lugar e data. Assim, abriria as portas em Bagamoyo, na Tanzânia, de forma discreta e ‘controlada’, a 2 de outubro, data da morte do fundador, P. Cláudio Poullart des Places.
Cerca de uma centena de Espiritanos vindos de 60 países, chegaram ‘testados’ a Bagamoyo, a cidade costeira da Tanzânia por onde o Evangelho entrou, a partir de 1868, para as terras da África de Leste.
O Capítulo vai eleger o novo Superior Geral e o seu Conselho. Avaliará os últimos nove anos de Missão Espiritana e aprovará os Documentos que indicarão o rumo à Missão da Congregação nos próximos tempos.
Bagamoyo, antiga capital da África Oriental Alemã, durante séculos entreposto de escravos, foi terra escolhida pelos Espiritanos para investir na libertação integral dos escravos e lançar as bases da Igreja Católica na África de Leste.
Terra muçulmana (a comunidade católica é residual em percentagem, mas influente pelos seus compromissos em educação e saúde), Bagamoyo ostenta uma grande cruz, símbolo da libertação dos escravos e da intervenção cristã, junto a uma das praias mais bonitas: a Praia da Cruz.
Na Celebração de Abertura, o P. John Fogarty, Superior Geral, decidiu escolher a Missa do Espírito Santo. Na sua homilia, falou de três Pentecostes. O primeiro, há mais de 2 mil anos, criava a Igreja: “’Estavam cheios do Espírito Santo’, observa os Actos dos Apóstolos. O caos à sua volta não tinha desaparecido – antes pelo contrário – mas este pequeno grupo de pessoas medrosas foi capacitado, tanto individualmente como em grupo, com uma nova força que lhes permitiu ir além de si próprios, das suas limitações físicas e culturais, do seu sentimento de impotência e dos seus medos, para deixar para trás o seu pequeno e seguro mundo familiar e enfrentar corajosamente o caos da cidade. Foram eles que mudaram, não a realidade à sua volta; descobriram dentro de si uma capacidade de se expressarem e serem compreendidos’
Depois, o Superior Geral falou do Pentecostes acontecido em Paris quando foram fundados os Missionários do Espírito Santo: ‘O rosto e o alcance geográfico da comunidade fundada com confiança e simplicidade por aquele pequeno grupo de seminaristas há 318 anos atrás mudou para além de tudo o que poderiam ter imaginado, compreendendo hoje um vasto número de confrades e associados leigos de diferentes origens culturais e étnicas, originários de praticamente todos os continentes’.
E, em Bagamoyo, está a acontecer o 3º Pentecostes. Lembrou: ‘Somos um grupo maior do que qualquer um dos dois que já mencionei, mas somos tão simples e tão fracos como aqueles que nos precederam. Em vários países, as pessoas vivem com medo dos seus conterrâneos, perdemos a capacidade de ouvir, de compreender e de comunicar eficazmente uns com os outros. Como podemos nós, seguindo os passos daqueles que nos precederam, continuar a trazer a Palavra de Deus a esta cidade global que nos assusta e assegurar que cada homem e cada mulher possa ouvir a Palavra de Deus na sua própria língua? Como podemos criar um mundo onde não haja estranhos e onde cada um se sinta em casa com a sua própria identidade cultural individual? Então unamo-nos durante as próximas três semanas em oração assídua como Maria e o pequeno grupo que a rodeia na sala superior, conscientes do incrível poder transformador do Espírito Santo, que pode continuar a realizar maravilhas hoje como no passado, por meio daqueles que estão abertos à sua acção, que podem dar-nos a coragem de ir além de nós próprios e do nosso pequeno mundo familiar, dos nossos interesses egoístas e dos nossos medos, de deixar para trás a segurança das nossas zonas de conforto, a fim de criar fraternidade e comunhão num mundo fracturado e dividido’.
É sempre bom sentir que estão a acontecer novos Pentecostes, pois o Espírito sopra quando quer, onde quer e como quer.