Solenidade de Todos os Santos
Em cerca de vinte anos, o panorama rodoviário do nosso País mudou radicalmente. À melhoria das estradas foram acrescentadas as Autoestradas, os IP’s e os IC’s, fazendo recuar os caminhos de terra batida, as calçadas e estradas esburacadas para zonas quase desabitadas, procuradas pelos amantes de desportos radicais.
Mas, não acontece outro tanto com as estradas das nossas vidas, embora esse seja o nosso maior desejo. Aqui continuam os caminhos sinuosos e íngremes, a poeira da terra batida, abundam buracos, desencantos e frustrações, enfim, complicações e dificuldades de toda a sorte.
Curiosamente, os caminhos da santidade estão muito mais próximos das estradas da vida real que das autoestradas rodoviárias: “esforçai-vos por entrar pela porta estreita”. Com efeito, conversão, renúncia, pobreza, mansidão, pureza de coração… são os sinais de trânsito que aparecem na viagem da santidade.
Que falta, então, aos caminhos da nossa vida para se tornarem caminhos de santidade? Pouco e muito! Na bagagem que devemos levar não pode faltar a persistência para nunca desistir, o pão da Palavra e o pão da Eucaristia e a companhia d’Aquele que pode transformar os caminhos de Emaús em caminhos de ressurreição, isto é, de santidade.
É disso que nos falam os textos de hoje: os Santos não nasceram santos, nem andaram sobre as nuvens – trilharam caminhos de vida como os nossos, iluminados pela certeza de que “ainda não se manifestou o que havemos de ser”; também se sujaram, a ponto de precisarem de “lavar as suas vestes no sangue do Cordeiro” e souberam abastecer o seu farnel com “o pão da vida”.
A solenidade de hoje recorda-nos também que não vamos sozinhos, que não somos os únicos viajantes nos caminhos da santidade: muitos já chegaram à meta e muitos outros vão connosco a caminho. Ajudemo-nos e apoiemo-nos uns aos outros!
E não nos esqueçamos que as Bem-aventuranças são o único caminho seguro para a felicidade, por mais que o mundo nos bombardeie e alicie com outros caminhos!